Após um dia de fortes chuvas, com mais de 90 mortes, na capital e em outros pontos do Estado do Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador Sérgio Cabral e o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, fizeram um apelo para que as pessoas que moram em áreas de risco deixem as suas casas.
"Todas as vítimas fatais que tivemos até agora foram de deslizamentos. Não coloquem em risco suas vidas nem a de seus familiares. Todas as encostas da cidade estão muito encharcadas e as chances de deslizamento são enormes", afirmou Paes.
O tom do discurso do prefeito foi semelhante ao adotado pelo governador do Estado e também pelo presidente. Lula defendeu que, em situações desse tipo, o que resta às autoridades é pedir que as pessoas deixem áreas de risco e "esperar a chuva parar".
Em entrevista coletiva no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, o presidente afirmou que "não há possibilidade do homem vencer intempéries" desta magnitude.
"Quando tem uma chuva dessa magnitude, a única coisa que resta a fazer, para o prefeito, para o governador, para a Defesa Civil, é pedir para as pessoas: primeiro, quem mora em encosta, sair da encosta; quem mora em área de risco, sair da área de risco; quem mora na beira de córrego, sair da beira de córrego, e esperar a chuva parar para que a gente possa começar a resolver os problemas."
O presidente, que também prometeu usar o PAC 2 para investir recursos em sistemas de drenagem no Rio, afirmou que "não é possível mais permitir que as pessoas ocupem áreas inadequadas para morar".
O papel das autoridades na prevenção das ocupações irregulares também foi manifestada pelo governador do Estado, Sérgio Cabral, ao comentar o impacto das chuvas na capital fluminense. "Faça um levantamento do número de pessoas que morrem, são os mais pobres em áreas de risco. As autoridades têm que ter a firmeza de agir e não permitir (isso)", disse Cabral ao canal de notícias Globonews.
Mortes
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, 93 mortes relacionadas às chuvas foram confirmadas pelas autoridades até 16:30h desta quarta-feira, entre elas 41 mortes registradas em Niterói, e 34, na capital fluminense.
Ainda segundo as autoridades, pelo menos 44 pessoas foram socorridas com ferimentos.
As chuvas causaram caos na capital fluminense e fizeram com que aulas fossem suspensas e o funcionamento dos transportes públicos ficasse comprometido.
Segundo a Prefeitura do Rio de Janeiro, a chuva - que começou na tarde da última segunda-feira - foi a maior da história da cidade. Em menos de 24 horas teriam chovido 288 milímetros.
"Foi o maior volume de chuvas relacionadas a enchentes já registrado em nossa cidade. Tivemos a chuva forte somada à maré alta e ressaca, o que agravou a situação", afirmou o prefeito Eduardo Paes em uma entrevista coletiva na tarde desta terça-feira.
"Para se ter uma ideia, o nível da Lagoa Rodrigo de Freitas, que normalmente é de 50 centímetros, foi a 1,4 metro", completou Paes.
(Por Caio Quero, BBC, 06/04/2010)