Relatório do Deutsche Bank calcula que produção de matéria-prima só será normalizada daqui a seis meses
Um mês depois do terremoto que sacudiu o Chile e provocou estragos na indústria de celulose daquele país, um relatório recém-divulgado aos clientes do Deutsche Bank - e obtido pelo iG - mostra que a oferta de matéria-prima deverá ser afetada por pelo menos seis meses.
“O resultado é uma perda de 750 mil a 800 mil toneladas de celulose perdida”, escrevem os analistas do banco alemão Mark Wilde e John Milberg, que estiveram recentemente sobrevoando a região sul do Chile, observando os estragos nas fábricas e na infraestrutura para o escoamento da produção.
“A nossa estimativa está bem acima do número de 300 mil a 500 mil toneladas sugerida por alguns consultores-chaves da indústria”, alertam. “Mas a contagem final de perda de produção poderá aumentar por fatores imprevistos.”
O Chile representa 8% da oferta global de celulose, e a grande maioria de suas fábricas estão localizadas num raio de 250 quilômetros da cidade de Concepción, a mais afetada pelo terremoto de 8,8 graus na escala Richter, ocorrido no dia 27 de fevereiro.
Os produtores chilenos de celulose paralisaram a produção para uma avaliação dos prejuízos. A suspensão ajudou a contribuir para uma nova rodada de aumento de preços da celulose. Desde que a cotação chegou ao fundo do poço no primeiro trimestre de 2009, os preços da matéria-prima tiveram uma recuperação vertiginosa.
Os maiores produtores de celulose, incluindo os brasileiros Fibria e Suzano, já anunciaram aumento de US$ 40 para abril, o que fará com que a commodity acumule alta de quase 70% no período de 12 meses. A celulose deve chegar a US$ 840 por tonelada na Europa.
Segundo os cálculos dos analistas do Deutsche Bank, a Arauco, a maior fabricante de papel e celulose do Chile, teve perdas de produção nas cinco fábricas da região, totalizando perda de 511 mil toneladas por ano. A CMPC, outra grande produtora, acusou perdas de 237 mil toneladas em quatro unidades industriais.
A Arauco já colocou em operação uma de suas cinco unidades. A expectativa é que outras duas entrem em funcionamento em abril e outra em maio. A fábrica de Constitución deve demorar quatro a seis meses para voltar a operar regularmente depois do terremoto. Todas as quatro fábricas da CMPC já devem voltar à operação até o dia 15 de abril, segundo expectativas relevadas pelos analistas.
(Por André Vieira, iG São Paulo, 01/04/2010)