Ao tomar posse como ministro da Agricultura, Wagner Rossi, deu sinais claros da política que pretende impor ao setor ambiental. "Não venham nos dar lição de como cuidar do meio ambiente", frisou, confirmando alinhamento com o presidente Lula nas críticas aos países que "destruíram a natureza" e que, agora, cobram uma postura sustentável do Brasil. O novo líder do agronegócio criticou ambientalistas, que, segundo ele, "têm as melhores intenções, mas estão muito distantes do setor produtivo". Sobre as mudanças na lei ambiental, disse que a participação do Congresso Nacional será fundamental.
Ao assumir o cargo, ontem pela manhã em solenidade em Brasília, Rossi ainda disse que dará seguimento ao trabalho iniciado por Reinhold Stephanes, que se licenciou para concorrer a uma vaga na Câmara Federal. "Vou fazer do meu jeito, mas a política é a mesma, as pessoas são fundamentalmente as mesmas e não haverá alteração no ministério." Rossi informou que o governo prepara a retomada dos leilões de milho e ainda ocupou uma boa parte do dia desmentindo denúncias sobre a gestão da Conab.
O silêncio de Stephanes ao afastar-se do cargo decepcionou lideranças que esperavam um anúncio de última hora para resolver o impasse dos produtores atingidos pelas intempéries e a crise de comercialização da safra. O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, espera que o novo ministro utilize a documentação já apresentada para tomar uma decisão no curto prazo. "Ficamos no quase." O presidente da Federarroz, Renato Rocha, que estava em Brasília, voltou para casa frustrado com a iminência de ter que recomeçar as negociações, mas já tem encontro pré-agendado com Rossi para terça.
(Correio do Povo, 01/04/2010)