Aprovado pela Câmara Municipal da Capital, o projeto de lei que obriga a utilização de bolsa coletoras de fezes em cavalos que circulam em locais públicos da cidade sofre resistência antes mesmo de ser regulamentado. Revoltados com a medida, que precisa ser sancionada pelo prefeito José Fortunati, carroceiros e policiais do Regimento Montado alegam falta de condições para cumprir a obrigação prevista.
Para o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, a implementação só será possível se a prefeitura oferecer alguma remuneração pelo custo do trabalho da categoria. "Somos responsáveis por mais da metade do recolhimento de lixo e não recebemos por isso", disse Alexandre Candoin, um dos coordenadores do movimento no Estado. Para ele, a medida é mais uma maneira de excluir uma população suficientemente pobre e discriminada. Classificou a bolsa coletora como um "fraldão para cavalos".
A mesma discordância é verificada na Brigada Militar. Responsável pelo 4 Regimento de Polícia Montada, o tenente-coronel Florivaldo Pereira Damasceno, defende que não há necessidade de legislação para controlar a cavalaria que auxilia no policiamento. Segundo ele, existe parceira com o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), que recolhe as fezes dos animais. "Na prática essa limpeza é feita. Nosso foco é a segurança", completou.
Autor do projeto, o vereador Adeli Sell (PT) disse que a iniciativa é uma forma de deixar a Capital mais limpa. Alegou que projeto semelhante foi adotado em Criciúma (SC) e Cascavel (PR). Ele também foi autor da lei que prevê o recolhimento de fezes de cachorro nas ruas.
(Correio do Povo, 01/04/2010)