Em cerimônia realizada no Palácio do Itamaraty, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu posse nesta quarta-feira, 31 de março, à nova ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. A bióloga de formação sucede Carlos Minc, que pretende se candidatar a deputado estadual pelo Rio de Janeiro nas eleições de outubro.
"Vou trabalhar duro e espero ter sucesso nas ações do Ministério do Meio Ambiente (MMA) com a participação engajada das entidades vinculadas ao ministério", afirmou Izabella. Até então secretária-executiva da pasta, a brasiliense também destacou que pretende dar continuidade ao que chamou de "gestão vitoriosa" iniciada pela ex-ministra Marina Silva e consolidada por Minc, durante o governo Lula.
Ao deixar o cargo, Minc afirmou que Izabella Teixeira é “uma Dilma verde”, em referência à ex-ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que também deixou o governo hoje para disputar as próximas eleições.
“Há quem chame a Izabella de “Dilma verde”. É porque ela é enfática. É uma pessoa 'ecoansiosa' para que as coisas aconteçam”, comparou Minc. Segundo o ex-ministro, a nova titular da pasta foi uma das grandes responsáveis por mediar o debate entre as áreas ambiental e econômica do governo.
Segundo avaliação feita pelo presidente Lula, o ex-ministro fortaleceu o papel do MMA na discussão e elaboração de políticas públicas no país. "Minc trabalhou com muita dedicação e lealdade, foi contestador e polêmico, mas deixou o MMA mais robusto", acrescentou.
Balanço
De acordo com Lula, o licenciamento da usina de Belo Monte (aprovado na gestão de Minc) foi muito importante para o abastecimento de energia no país. O presidente também relembrou a participação destacada do Brasil durante a 15ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP-15), em dezembro de 2009, em Copenhague (Dinamarca), além da queda do desmatamento na Amazônia.
Listamos para você, os principais pontos da gestão de Carlos Minc à frente do Ministério do Meio Ambiente:
* Menor taxa de desmatamento da Amazônia nos últimos 20 anos;
* Elaboração do Plano Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC);
* Meta nacional de redução dos gases de efeito estufa (36,1% a 38,9% até 2020, com base no índice de 1990);
* Criação do Fundo Amazônia e do Macrozoneamento da Amazônia;
* Criação de novas Unidades de Conservação (UCs) e dos Planos de Qualidade do Ar;
* Combate ao desmatamento na Caatinga e no Cerrado.
"Meu sonho é que as questões climáticas e ambientais estejam sempre no centro das discussões políticas. Brigamos para defender nossas ideias e para colocar o MMA no âmbito da elaboração de políticas públicas", concluiu Carlos Minc, ao deixar o cargo.
Desafio
Mas nem só de flores viveu Carlos Minc durante a gestão que comandou no MMA. Além do emblemático enfrentamento com ruralistas, insatisfeitos com uma suposta rigidez da legislação ambiental, o ex-ministro foi bastante criticado em razão de licenças ambientais para obras de grande porte.
"Infelizmente, a frente dos licenciamentos ambientais não foi fortalecida nesse período. Por exemplo, em lugar de caminharmos para uma “economia verde”, com planos integrados e com licenças ambientais estratégicas, no caso da hidroelétrica da Amazônia, continuamos a discutir grandes obras, de maneira isolada e sem a articulação entre os grandes desafios do desenvolvimento sustentável do país", observou Denise Hamú, secretária-geral da ONG WWF-Brasil.
Perfil
A nova ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, possui mestrado em Planejamento Energético e doutorado em Planejamento Ambiental pela COPPE/UFRJ. Funcionária de carreira do Ibama desde 1984, exerceu o cargo de direção no instituto, bem como no MMA e no governo do estado do Rio de Janeiro.
Conduziu a gerência executiva de projetos e programas ambientais de cooperação internacional (PPG-7, PNMA, PDBG, PMACI, dentre outros). Foi também professora de MBA e de cursos ambientais em diferentes universidades (UFRJ, escola politécnica), e especialista em avaliação ambiental estratégica.
Atuou ainda como subsecretária de estado do Meio Ambiente da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro de 2007 a 2008, e recentemente como secretária-executiva do MMA de 2008 a 2010.
(Redação EcoD, 31/03/2010)