Para Ronaldo Custódio, diretor da Eletrosul, iniciar as obras até 2012 seria “viável” caso o processo de licenciamento ambiental fosse tranquilo. Pelo ânimo da coordenadora dos Amigos da Terra Brasil, Lúcia Ortiz, a hipótese não é segura.
– Cada vez essa tentativa de apropriação do rio para barragens vai ficar mais difícil para o aceite da população – avisa a ambientalista.
Apesar de prever resistência, Lúcia admite que o impacto maior das hidrelétricas na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina deve ocorrer no território do país vizinho, tanto em área alagada quanto em população removida. Os números, pondera a ambientalista, são difíceis de estimar porque vão depender da definição do projeto, o que ainda não ocorreu.
– Agora, existe o interesse do período eleitoral e também do Iirsa (Iniciativa para Integração da Infraestrutura Regional Sul-americana), que tem grande força econômica. Na Argentina, a pressão é maior tanto para que a obra saia quanto na resistência dos movimentos sociais – avalia Lúcia.
Segundo Custódio, como o projeto é binacional, não está submetido às regras nacionais que determinam a exigência de levar a leilão todos os projetos de geração de energia.
No entanto, os dois países devem incorporar normas internas aos termos do tratado. Na visão do governo e de empresários brasileiros, as exigências ambientais do Brasil são mais severas.
(Zero Hora, 31/03/2010)