Em 2009, 65% dos agrotóxicos registrados no Brasil não chegaram a ser comercializados. Dos mais de 2 mil produtos disponíveis, apenas 783 chegaram às mãos dos agricultores. Os dados fazem parte do estudo “Monitoramento do Mercado de Agrotóxicos” , organizado pelo professor da Universidade Federal do Paraná Victor Pelaez.
Outro dado apresentado pelo estudo é de que as dez maiores empresas do setor de agrotóxicos concentram mais de 80% das vendas no país. “A criação de um portfólio de registros não utilizados adquire uma lógica mais financeira do que produtiva, ao se constituir como reserva de valor para as empresas”, explica Pelaez.
Para o diretor da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), José Agenor Álvares, a não utilização dos novos registros apontam para uma contradição do setor. “À medida que somos cada vez mais cobrados para dar agilidade aos processos de avaliação dos registros de agrotóxicos, os produtos que são autorizados não são colocados no mercado”, afirma Álvares.
Os dados também apontam a consolidação do Brasil como maior mercado e com maior ritmo de expansão no consumo de agrotóxicos em todo mundo. Ao longo desta década, o mercado brasileiro cresceu 176%, quase quatro vezes mais do que a média mundial.
De acordo com Álvares, os números apresentados comprovam o alto grau de comprometimento que as indústrias de agrotóxicos devem ter com o Brasil. “O setor do agronegócio deve praticar uma concorrência honesta, de modo que proporcione preços acessíveis para os pequenos produtores e agrotóxicos da forma mais limpa possível para toda população”, explica o diretor da Anvisa.
Mercado
O mercado brasileiro de agrotóxicos é o maior do mundo, com 107 empresas aptas a registrar produtos, e representa 16% do mercado mundial. Só em 2009, foram vendidas mais de 780 mil toneladas de produtos em nosso país.
O Brasil também ocupa a sexta posição no ranking mundial de importação de agrotóxicos. A entrada desses produtos em território nacional aumentou 236%, entre 2000 e 2007.
(Por Danilo Molina, Anvisa, EcoDebate, 29/03/2010)