Segundo informes da assessoria da Suzano Papel e Celulose, em março de 2010, a empresa, até o final de 2009, comprara 133 mil hectares nos estados do Maranhão e do Piaui. Informações prestadas à mídia, perto do fim do ano, adjudicavam que o projeto do Piaui já havia resolvido 60% das áreas necessárias para o empreendimento que engloba a região próxima à Teresina e a região próxima ao município de Caxias, no estado do Maranhão. O percentual quanto ao projeto das regiões oeste e centro-sul maranhenses atarantava os 80%, quer dizer, praticamente encerrada a fase de compra de terras.
O último informe dado pela assessoria pauta a mídia na resolução em 100% das áreas do projeto do Piaui e 75% das áreas do projeto no Maranhão. Em sua grande maioria, essas são áreas de Cerrado e a escolha delas se deve em função do percentual de 20% a 35% de reserva legal que a legislação determina a manutenção. Em cima e embaixo dos estados do Maranhão, Piaui e Tocantins as equipes da Suzano cansaram um mundão de gente com informações imprecisas sobre as áreas que pretendiam comprar. Pelo que foi divulgado nessas reuniões e pela mídia, a empresa compraria um carretel de propriedades e que eles preferiam fazendas de gado que apresentassem indícios de degradação ambiental.
Em alguns dos municípios maranhenses a Suzano comprou terras como em Estreito, região tocantina, cerca de sete propriedades, e em Matões, região dos cocais, onde a propriedade ascende sobre parte da área urbana do município. Os outros municípios seriam meros coadjuvantes para o projeto. A média de compra de terras que a empresa adquiriu no segundo semestre de 2009, de 20 mil hectares por mês, permite afirmar que nos dois primeiros meses de 2010 ela magoou um pouco ou um pouco menos de 40 mil hectares nos dois estados o que totalizaria menos de 200 mil hectares.
Quem quiser e quem puder refrescar a memória a respeito e a despeito dos projetos da Suzano para os estados do Maranhão e do Piaui se confessará inadimplente quanto ao que se creditaram como grandes somas para a expansão da monocultura de eucalipto nas bacias do rio Tocantins e do rio Parnaiba. A Suzano, com essa barafunda de numerais e de pontos cardeais, cativa a realidade local do Cerrado com outra realidade como se os seus números devolvessem, mesmo que no papel ou na mera declaração, a singularidade dos fatos. As pessoas confiam mais em números, mas o que eles representam senão uma abstração. Nos estudos de impacto ambiental, a empresa sustenta que as áreas em que ele pretende plantar eucalipto representam 3% da área total do estado do Piaui. Os seus braços informais no Maranhão sustentam a mesma continência ve rbal;
O que os números mentem diz respeito ao fato de que essas áreas estão emborcadas nos formadores das bacias do rio Tocantins e do Parnaíba. Afinal, os quase 10% de Cerrado, de Caatinga e de Amazônia podem representar muito mais dos que os milhões que a Suzano botará em seus poleiros.
(Por Mayron Régis, Fórum Carajás, EcoDebate, 29/03/2010)