A 15ª reunião de negociação entre os trabalhadores da Fibria (ex-Aracruz Celulose) e a empresa terminou sem acordos. Diante do impasse na negociação, o Sindicato dos Trabalhadores Químicos e Papeleiros do Espírito Santo (Sinticel) vai oficializar denúncia no Ministério do Trabalho contra as medidas unilaterais aplicadas pela ex-Aracruz.
A reunião ocorreu nessa quinta-feira (25), na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-ES). Ao contrário da última sessão, os representantes da empresa estavam presentes, mas chegaram atrasados ao encontro, marcado para o início da tarde.
Durante aproximadamente duas horas, o sindicato tentou buscar, sem sucesso, uma saída para resolver o impasse quanto à coparticipação no pagamento dos planos de saúde e de vida dos empregados. A medida prevê o pagamento, por parte dos funcionários, de 25% do valor desses benefícios. Também foi reajustado o abono salarial para o período de férias. O valor, correspondente a 40% da remuneração, caiu para 33,3%.
A empresa não está disposta a negociar esses pontos e, inclusive, já está aplicando a medida. Segundo o sindicato, apenas os reajustes e benefícios incluídos na proposta da empresa para melhoria dos funcionários não foram aplicados. Em nota, a entidade sindical critica o ocorrido. “Essa atitude mostra a crueldade da direção da Fíbria, que vem castigando e pressionando os 750 papeleiros da fábrica, uma vez que os outros trabalhadores da parte florestal aceitaram a redução de direitos”.
Fiscalização
Contrário à postura da empresa, o sindicato promete apresentar denúncia ao Ministério Público. O presidente do Sinticel, Arthur Duarte Branco, informou que vai esperar os trabalhadores receberem o contracheque para apresentá-lo ao órgão público. “Vamos oficializar a denúncia a partir da próxima segunda-feira. Esperamos que eles apliquem multas contra a empresa”.
Pressão
“Fomos para a reunião com uma proposta, mas a empresa nem quis ouvir. A partir de agora não marcaremos mais reuniões. Elas não tem servido de nada”, completa o presidente do sindicato. Para ele, o caminho agora são as paralisações. A redução da produção deve seguir para pressionar a empresa a voltar atrás na decisão. Branco apontou redução do estoque de madeira disponível na fábrica para, aproximadamente, sete metros cúbicos. Segundo ele, sem a ação de paralisação o estoque normal alcança 25 metros cúbicos.
O Sinticel vai fazer novas reuniões com sindicatos parceiros e movimentos sociais. A diretoria acredita no fortalecimento do movimento com o apoio dessas entidades.
(Por Frederico Carneiro, Século Diário, 26/3/2010)