Plásticos, pneus, lixos domésticos, restos de detritos que não se decompõem perfazem os 32 córregos e ribeirões inscritos no perímetro urbano
O diagnóstico dos córregos e fundos de vale de Maringá indica poluição crônica. Plásticos, pneus, lixos domésticos, restos de detritos que não se decompõem perfazem os 32 córregos e ribeirões inscritos no perímetro urbano. Os leitos das águas fluviais também sofrem com a erosão e produtos químicos. É o caso dos córregos Mandacaru, Diamante e Moscados. Falta de conscientização popular e uma campanha maciça do poder público para minimizar o problema.
A opinião é do presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Paulino Mexia. O volume de lixo entope as vias pluviais e obstrui a canalização, o que é ainda mais danoso à cidade. “O lixo doméstico urbano chega à zona rural através dos córregos”, afirma. Sofás, fogões, latinhas, garrafas PET não passam batido: são depositados nos fundos de vales. Para o dirigente do IAP, uma forma de participação do poder público é fiscalizar e autuar os poluidores. Responsabilizá-los, denunciá-los ao Ministério Público.
Para se ter uma ideia, um estudo da Universidade Estadual de Maringá (UEM) diz que a produção diária de lixo no município, aproximada, é de um quilo por habitante. O interessante é produzir um comportamento paliativo como ir ao supermercado com uma sacola retornável. “Maringá está perdendo tempo, estamos muito atrasados, muito aquém da qualidade de vida que se propõe. Enterrar o lixo significa que não acompanhamos a tecnologia”, exemplifica.
Mexia acredita que o envolvimento da população representada pela Associação de Moradores poderia ter desempenho significativo na redução de lixo e na educação dos populares. “Não basta só ter orgulho do verde da cidade. A questão é mais abrangente, as pessoas precisam minimizar o volume de resíduos; ter mais consciência ambiental, envolver-se com o poder público para buscar mais qualidade de vida”, enfatiza. O programa de coleta seletiva de lixo pode melhor abranger.
A prefeitura desenvolve estudos para identificar os principais poluidores dos rios da cidade. As ligações clandestinas de esgoto nas galerias pluviais – que acabam nos cursos d’água, são transgressões muito comuns às leis ambientais. Para a preservação de rios e córregos, a prefeitura está cercando todos os fundos de vale, que somam cerca de 70 quilômetros no perímetro urbano e servem como corredor ecológico para a fauna da região.
De acordo com informações da assessoria de imprensa, Vigilantes do Grupo de Defesa Ambiental – GDA estão fiscalizando os córregos de Maringá para autuar pessoas que estejam poluindo os locais. O grupo atua em turnos de 12 horas e, em breve, trabalhará 24 horas. Poluidores de fundos de vale poderão, inclusive, ser presos ao jogar lixo em córregos e ribeirões. O GDA conta com apoio das polícias Militar e Civil para a fiscalização contínua nas 17 regiões hidrográficas do município.
Foi realizado um estudo das bacias hidrográficas do município e o diagnóstico é preocupante: todas estão poluídas, portanto inservíveis para a utilização e consumo de homens ou animais. Durante os mutirões de limpeza foram retirados resíduos altamente poluentes como baterias de celulares, pilhas comuns, materiais de marcenaria, telhas de zinco e de cimento – amianto, materiais odontológicos, seringas descartáveis, entre outros tipos de objetos que contêm materiais pesados, como alumínio, arsênio, cádmio, cobalto, cromo, fósforo amarelo, mercúrio, níquel, amianto, etc. O problema maior é a veiculação desses materiais pela água. Muitos hortifrutigranjeiros utilizam os córregos para irrigar lavouras e terminam por contaminar os alimentos.
(Por Tarcila França, HNews, 26/03/2010)