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barragem de Riacho Seco rio são francisco
2010-03-29 | Tatianaf

O medo e a incerteza do futuro podem ser percebidos nos rostos e nas falas das pessoas que vivem na Comunidade do Ferrete, localizada no município de Curaçá, na Bahia. Ela é uma das mais de vinte comunidades ameaçadas pelo projeto de barragem de Riacho Seco, no rio São Francisco. A visita à comunidade fez parte da programação de ontem do VII Encontro Nacional da Articulação do Semi-Árido, que acontece até amanhã (26), no município baiano de Juazeiro.

De acordo com João Teles, membro do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), ao todo, mais de vinte comunidades serão atingidas pelo projeto, totalizando cerca de 400 famílias. Somente em Ferrete, são 91 famílias que correm o risco de perder a casa e, junto com ela, as raízes e o vínculo com o local. "O MAB é contra a construção da barragem porque entende que ela nega o direito das pessoas e não beneficia a classe trabalhadora", afirma.

As obras, que estão previstas para começar ainda neste ano, são de responsabilidade da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). Segundo João Teles, a Companhia realizou um cadastro com poucas famílias, o qual "não leva em consideração a identidade das pessoas", e, agora, prepara-se para realizar oficinas com a população "apenas para legitimar a obra".

Para ele, a intenção dessas oficinas é fazer com que conste no projeto que a população foi ouvida. "Mas será que eles vêm para dar informação para o povo?", questiona. E a pouca informação sobre o projeto é o que mais preocupa a comunidade.

De acordo com o integrante do MAB, até agora, o projeto não colocou para os moradores da Comunidade do Ferrete para onde eles irão com a construção das hidroelétricas. Segundo ele, a Companhia afirma que "o povo vai viver melhor do que vive aqui [referindo-se à Comunidade]", além de garantir emprego com as obras.

No entanto, João Teles não acredita nessas possibilidades. Primeiro, na opinião dele, as pessoas não conseguirão viver melhor deixando a terra delas - junto com as raízes e a cultura - para trás. Segundo porque, de acordo com ele, a Chesf fala em geração de emprego. "Esse emprego é conseguido durante a construção da obra. E depois? Temos que pensar no presente e no futuro também", considera.

Outra questão destacada pelo integrante do MAB é a divisão das comunidades. De acordo com ele, com as barragens, elas serão divididas, o que dificultará a organização do povo. "Queremos saber de alguma experiência concreta de que essas barragens deram certo para algum povo", desafia.

Além da barragem de Riacho Seco, será construída ainda, na região do rio São Francisco, a de Pedra Branca. Juntos, os dois projetos atingem diretamente seis municípios, sendo quatro em Pernambuco - Orocó, Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande e Petrolina -, e dois na Bahia - Juazeiro e Curaçá.

Problema não é só de adultos

Apesar de ser uma questão de gente grande, meninos e meninas que estudam na escola da Comunidade do Ferrete também estão apreensivos com a construção da barragem. "Muito ruim. A gente não sabe pra onde vai. Sair daqui pra um lugar que nem conhece!", comenta Joaquim Gomes, adolescente de 15 anos.

Na opinião dele, mesmo que a Chesf garanta emprego e indenização para as famílias atingidas, a barragem - e a mudança de local da comunidade - não será benéfica para a comunidade. "Aqui todo mundo só sabe trabalhar na roça", afirma.

Atingida por barragem
Maria do Socorro de Miranda Alves, delegada da ASA regional de Santa Maria da Vitória, na Bahia, sabe bem o que é ser atingida por barragem. Moradora do povoado de Pau a Pique, no município baiano de Casa Nova, teve de sair, no final de 1975, assim como os outros moradores do povoado, por conta da construção da Barragem de Sobradinho.

De acordo com ela, a comunidade não teve muita resistência. A terra prometida era um assentamento no Bom Jesus da Lapa. "Para o povo ficar mais animado com a barragem, montaram o projeto de reforma agrária pra o povo dizer: não, com o projeto da barragem vai ser bom. Vai ter a barragem, mas a gente vai conseguir muita coisa", destaca.

No entanto, segundo ela, ao chegar lá, a situação encontrada não era bem a esperada pela comunidade. "Não era nada disso. Muita gente ficou sem comida, a escola era de má qualidade. Tiveram 12 crianças que morreram de fome", afirma. Isso porque, segundo ela, a região não era própria para a agricultura. "Era tudo seco, não tinha o devido investimento", comenta.

Hoje, com a experiência que teve, Maria do Socorro acredita que as comunidades ameaçadas por barragens devem se unir e resistir, não deixar a cultura e as origens. "É preciso estar organizado, começar pela comunidade", acredita.

(Por Karol Assunção *, Adital, 26/03/2010)
* Jornalista da Adital


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