A direção do Sindicato dos Trabalhadores Químicos e Papeleiros do Espírito Santo (Sinticel) deveria decidir ainda nesta 5ª feira (25) à noite as primeiras medidas a serem tomadas pelos trabalhadores com o objetivo de paralisar a produção da fábrica de celulose da Fibria, instalada em Aracruz (ES). O estudo de medidas, afirmou o presidente da entidade, Joaquim Artur Duarte Branco, foi motivado pela decisão da companhia de não apresentar uma nova proposta em reunião realizada hoje à tarde na Superintendência Regional do Trabalho do Espírito Santo (SRTES).
"A companhia permanece intransigente. Nos colocamos à disposição para achar uma solução intermediária entre a proposta feita pela empresa e a nossa, mas eles decidiram manter a mesma oferta que havia sido apresentada em dezembro do ano passado", protestou o sindicalista. A reunião ocorrida na SRTES foi o terceiro encontro agendado entre representantes dos trabalhadores e da fabricante diante de autoridades trabalhistas locais.
Diante da inexistência de uma nova proposta por parte da companhia, o Sinticel decidiu colocar em prática medidas para limitar a produção da unidade, principal complexo fabril da empresa constituída a partir da união entre Aracruz e Votorantim Celulose e Papel (VCP). "A entrada de madeira dentro da unidade já está reduzida, mas agora podemos analisar alternativas para impedir a chegada dos produtos ao destino", afirmou o sindicalista, que também informou sobre um aumento das compras de produtos químicos pela Fibria - a medida teria por objetivo evitar possível desabastecimento causado pelos funcionários.
De acordo com Branco, o sindicato não precisará convocar novamente os funcionários para adotar medidas de restrição à produção. Isso porque o Sinticel obteve na semana passada a aprovação para anunciar "estado de greve", decisão aprovada por 63% dos funcionários sindicalizados da companhia. O Sinticel representa os trabalhadores fabris, um contingente de 750 trabalhadores, segundo cálculos da entidade.
A Fibria, procurada pela reportagem da Agência Estado, não confirmou ou desmentiu até o momento o fracasso da reunião realizada nesta tarde. No começo da semana a companhia informou via comunicado que as assembleias realizadas pelo sindicato envolviam apenas uma minoria dos empregados. Cálculos da companhia apontam que apenas 13% do efetivo da unidade é composta por trabalhadores sindicalizados. Dessa forma, destacou a fabricante, o "estado de greve" teria sido aprovado por apenas 8% do efetivo da unidade da empresa.
(Cruzeiro On Line, 26/03/2010)