São Borja terá a partir de julho termelétrica de biomassa de arroz
Com capacidade para abastecer uma cidade de 80 mil habitantes (12,3 megawatts), a Usina Termelétrica de São Borja está em fase final de construção e deve entrar em operação a partir de julho. E noventa e seis mil toneladas de casca de arroz por ano, que antes eram descartadas pelas indústrias de beneficiamento da região, serão transformadas em energia. Orçada em R$ 55 milhões, a usina deve gerar 25 empregos diretos e mais de cem indiretos.
Segundo a prefeitura, este é o maior investimento no município depois da construção da ponte internacional, há 12 anos.
O desafio do empreendimento é resolver um problema histórico de abastecimento de energia em São Borja , afirma o presidente da Agência de Desenvolvimento de São Borja (Adsb), José Francisco Rangel.
– Estaremos gerando energia, empregos e impostos ao município, além de propiciar um destino ambientalmente correto da casca de arroz – destaca Rangel.
Matéria-prima não deverá ser problema. Além da colheita anual estimada em 6 milhões de sacas de arroz em São Borja, enumera Rangel, os engenhos locais importam para o beneficiamento mais 4 milhões de sacas de outras regiões. Como a casca do grão representa 22% da massa beneficiada, tem-se a cada temporada um total de 120 mil toneladas de resíduos.
A termelétrica será a primeira usina a partir da biomassa operada pela multinacional francesa Dalkia no Brasil. O investimento é do fundo alemão MPC Bionergie Brasilien GmbH & Co. KG. De acordo com o diretor executivo da empresa alemã no Brasil, Albert Ramcke, a energia gerada pode ser vendida no mercado livre. Parte já foi negociada e outra parte está em processo de negociação.
O volume de energia gerada na usina, a manutenção da planta e a disponibilidade da casca de arroz que será usada para a obtenção de energia deverão ser garantidos pela Dalkia.
– Elegemos o segmento de biomassa como um dos prioritários para os próximos anos. Além do clima favorável e da biodiversidade, a preocupação global com redução da emissão de gases causadores do efeito estufa e a crescente utilização de fontes renováveis de energia são alguns dos fatores que justificam as nossas expectativas– detalha o diretor industrial da Dalkia Brasil, Philippe Roques.
A obra da usina iniciou-se em 2008 e está localizada às margens da rodovia que liga São Borja a Santiago (BR-287). O mesmo grupo alemão responsável pela usina tem projeto de um segundo empreendimento nos mesmos moldes, em Itaqui, distante 80 quilômetros de São Borja, com previsão de implantação no segundo trimestre de 2011.
O empreendimento
EM OBRAS
> Custo da usina: R$ 55 milhões
> Capacidade de processamento mínima: 96 mil toneladas de casca ao ano
> Capacidade de geração 12,3 MW
> Empregos diretos: 25
> Empregos indiretos: cem
EM OPERAÇÃO
> Camil, em Itaqui: 4 MW
> Indústrias Pilecco, em Alegrete: 4 MW
(Por MARINA LOPES, Zero Hora, 26/03/2010)