O nível de CO (monóxido de carbono) caiu nos últimos 18 anos, apesar do aumento da frota de veículos no país, segundo dados do 1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, divulgado nesta quinta-feira (25) no Rio de Janeiro.
O estudo de qualidade do ar aponta que em 1992 foram registradas 5,5 milhões de toneladas de CO, o pico da série analisada a partir da década de 80, e em 2009 o índice ficou entre 1,5 e 2 milhões de toneladas do gás poluente.
"O CO passou a cair a partir de 1992 devido às regras que estabelecem limites de emissões de gases poluentes por veículos de passeio do Proconve (Programa de Controle da Poluição por Veículos).
Todos os automóveis novos têm que atender essas normas, caso contrário eles não recebem licença do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis) e não têm autorização para sair da fábrica", disse o gerente de qualidade do ar do Ministério do Meio Ambiente, Rudolf Noronha.
O especialista afirmou também que a emissão de CO para carros fabricados era em média de 58 gramas por quilômetro na década de 80, antes da criação do Proconve, em 1986. Atualmente, a média de emissão de CO para automóveis fabricados é de 0,5 gramas por quilômetros.
Mais rigor
"A partir de 2013 entra em vigor a nova meta de 0,2 gramas por quilômetros. Isso vai reduzir ainda mais a emissão de CO", disse Noronha.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, dentre as frotas de veículos, as de automóveis continuam sendo as mais poluentes --devido ao seu número, já que individualmente as motos poluem mais. Já entre os combustíveis, a gasolina causa mais impacto.
A pesquisa mostra que na década de 80 existiam 7,5 milhões de carros e em 2008 esse número subiu para 21,1 milhões. O último registro apontou ainda que existiam 36 milhões de veículos (ônibus, caminhões, veículos comerciais, motocicletas e automóveis) em 2008.
"Chama a atenção que um veículo bem regulado evita três buracos: um no clima, um no pulmão e um no bolso. Por isso, a gente vai fazer uma propaganda massiva para incentivar o cidadão a exercer esse consumo consciente", disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Motos
Outro dado que chamou a atenção foi o aumento de motocicletas no país, que passou de cerca de 270 mil (1980) para 9,2 milhões, em 2008. Segundo o estudo, apenas 2% do total de motos registradas no ano retrasado são flex -- que usa tanto álcool quanto gasolina.
"Uma moto emite uma quantidade de CO equivalente a três carros. Ainda não há normas para motos, mas a tendência é que todos os novos modelos sejam flex", disse Noronha.
Na tentativa de se controlar a poluição causada pelas motos, foi criado o Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares) na década de 90, que tem metas de redução das emissões baseadas nas diretivas adotadas pela União Européia. Os resultados devem começar a ser sentidos apenas em 2020, segundo o ministério.
"Se eu desse uma previsão desse estudo, do tamanho atual da frota de motocicletas, seguramente nós teríamos que começar o Promot mais atrás. A gente começou tendo um pico de emissões muito significativas e uma redução mais forte só vamos ter mesmo em 2020. O Promot começou 20 anos depois do Proconve e vejam vocês quanto tempo a gente deixou crescer a frota de motos para descobrir que também tinha que ter controle desse transporte", disse Minc.
Aumento de CO2
A pesquisa mostrou ainda que o CO2 (dióxido de carbono), apontado como gás de efeito estufa, aumentou de 60 milhões de toneladas na década de 80 para 140 milhões de toneladas em 2008. Para Minc, apenas investimentos na rede de transporte público e políticas de biocombustível podem reduzir a emissão de CO2.
"Se você não tiver muitas alternativas de trem e de hidrovia, de transporte público, o simples aumento do biodiesel ao diesel, apesar de ajudar muito, não resolve. Tem que combinar uma mudança de peso dos modais na participação tanto do transporte de passageiro como de transporte de carga", disse o ministro.
O Inventário Nacional apresentou no estudo as emissões dos poluentes regulamentados pelo Proconve: CO (monóxido de carbono), Nox (óxidos de nitrogênio), NMHC (hidrocarbonetos não-metano), RHCO (aldeídos), MP (material particulado) e emissões evaporativas, além de gases do efeito estufa, como CO2 (dióxido de carbono) e CH4 (metano).
(Por DIANA BRITO, Folha Online, 25/03/2010)