Com quase 160 mil quilômetros quadrados - cem vezes o tamanho da cidade de São Paulo - o município paraense de Altamira é o maior do Brasil em extensão e tem cerca de 96% do território em área de preservação ambiental, segundo o Fórum Regional de Desenvolvimento Econômico e Sócio Ambiental da Transamazônica e Xingu.
O G1 está em Altamira e publica nesta semana uma série de reportagens sobre a região que receberá a hidrelétrica.
Uma parte da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, ocupará um trecho dessa área protegida. Como é área de preservação, o Instituto Nacional do Meio Ambiente (Ibama) liberou a obra, mas, com a finalidade de compensar os impactos ambientais e sociais, estabeleceu 40 condicionantes para as empresas responsáveis pela construção da hidrelétrica.
O centro de Altamira fica a 750 quilômetros da capital Belém. A distância é menor do que entre destinos dentro da própria cidade. O distrito de Castelo dos Sonhos fica a mais que mil quilômetros da sede do município. "Tem outros casos como Cachoeira da Serra, que fica a 1.060 quilômetros. Isso torna a cidade difícil de administrar", destaca a prefeita Odileida Maria Sampaio.
Segundo a Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Altamira, a economia local se baseia na pecuária e na plantação de cacau. "Temos hoje em nossa região 2 milhões de cabeça de gado e 70 milhões de pés de cacau (considerando as demais cidades da região de Altamira, considerada como uma capital local)", diz o presidente, Vilmar Soares.
A prefeita destaca que, entre os 100 mil habitantes (conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 20 mil estão desempregados. "Nosso desemprego é grande. De 100 pessoas que atendo num dia, 99 estão pedindo emprego. O povo sofre muito", diz. Para ela, a construção da hidrelétrica pode trazer desenvolvimento para a cidade.
Nas ruas de Altamira, predominam bicicletas e motos. No centro da cidade, há vários estacionamentos de bicicleta fixos nas ruas. Apesar da população relativamente pequena, há pelo menos três grandes lojas de motos no município. "Moto virou uma febre de uns três anos para cá", afirmou um taxista. Segundo dados de 2009 do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), dos cerca de 20 mil veículos registrados em Altamira, 10,7 mil são motocicletas e 3,8 mil são motonetas.
Valmir Soares, líder do empresariado e dos comerciantes, afirma que Altamira tem atualmente 24,8 mil residências, levando em conta os pontos de energia instalados. "Há uma estimativa de que tenhamos outras 2,5 mil casas para alugar", disse. Para ele, a cidade precisa se preparar melhor para o grande aumento populacional que deve ocorrer quando começarem as obras da hidrelétrica de Belo Monte.
(Por Mariana Oliveira, G1, 25/03/2010)