Lideranças indígenas de mais de 15 etnias que vivem na Bacia do Rio Xingu (PA) prometem, para o dia 5 de abril, um protesto contra a construção da usina hidrelétrica Belo Monte, no Pará. Os indígenas estão preocupados com a proximidade do leilão, previsto para o dia 20 de abril, que vai definir qual consórcio irá executar as obras. As informações são do Jornal O Estado de São Paulo.
A manifestação acontecerá na Aldeia Piaraçu, reserva Capoto-Jarina, no Mato Grosso. Em novembro de 2009, cerca de 250 lideranças indígenas protestaram, durante cinco dias, contra a hidrelétrica na mesma aldeia e interromperam a travessia de balsa do rio.
Belo Monte, maior empreendimento energético do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo feral, é também o mais controverso. O projeto da usina, desde 2001, é questionado pelo Ministério Público Federal do Pará. O órgão move oito processos contra a instalação da hidrelétrica. Os principais argumentos são o desrespeito aos povos indígenas, os impactos ambientais da obra e a questão financeira que envolve a usina.
Cientistas e ambientalistas também se opõem à obra. Estudos desenvolvidos por entidades, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Universidade Federal do Pará (UFPA), apontam impactos negativos da construção da usina para a vegetação local, os animais e as populações indígenas que habitam um trecho do rio conhecido como Volta Grande do Xingu.
Hoje (24), organizações da sociedade civil entregaram, na sede do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma notificação extrajudicial que adverte o banco sobre a fragilidade da licença ambiental expedida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para construção da hidrelétrica. O banco, que já se dispôs a ser o maior financiador de Belo Monte, será advertido da co-responsabilidade pelos impactos da obra, que assumirá com a efetivação do empréstimo.
(Amazonia.org.br, 24/03/2010)