A Itaminas Comércio de Minérios assinou na quarta-feira em Belo Horizonte carta de intenção com a companhia chinesa Birô de Exploração e Desenvolvimento Mineral do Leste da China (ECE) para a venda de 100% da mineradora em Sarzedo, na Grande BH. O negócio é avaliado em US$ 1,2 bilhão e tem como objetivo principal sanar as dívidas do grupo Itaminas, que chegam a US$ 400 milhões, segundo Wilson Brumer, presidente da Winbros, contratada para estruturar o projeto e atrair potenciais compradores para a empresa mineira.
As negociações entre a Itaminas e a ECE começaram há cerca de seis meses. Os ativos minerais da Itaminas, que tem 51 anos de atuação no mercado, são estimados em 1,3 bilhão de toneladas. A produção atual é de cerca de 3 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. O grupo Itaminas também atua na produção de ferro-gusa e no segmento de reflorestamento. “Com a carta de intenção assinada, o próximo passo é começar a auditora e o entendimento entre os advogados de ambas as partes para que essa transação seja concluída o mais breve possível”, afirmou Brumer. Sem fazer estimativa de prazo, o executivo ainda disse que até maio a certificação em nível internacional dos montantes dos ativos minerais da empresa deve ser realizada.
De acordo com Brumer, o montante desembolsado pelos chineses na compra da Itaminas servirá também para o pagamento de terras arrendadas pela empresa mineira. “Houve aquisição de 100% dos comodatos. Não vai ter mais arrendamento”, explica. Conforme ele, foi preciso esperar o momento adequado para vender a mineradora, já que o setor foi um dos mais afetados pela crise econômica mundial. O executivo não deu detalhes sobre o futuro do grupo. “Os negócios com gusa e reflorestamento vão depender de decisões deles (do grupo). O objetivo da Itaminas é fazer o saneamento financeiro de suas dívidas”, afirma.
Com a aquisão da Itaminas, a ECE quer avançar nos negócios internacionais de minério de ferro. O diretor geral da compahia, Shao Yi, afirmou que a intenção é construir, “ou trazer” uma siderúrgica para o Brasil para fazer a exploração em terras brasileiras. “Estamos estudando a possibilidade de fazermos parceira com alguma empresa brasileira, mas também existem várias siderúrgicas na China interessadas em ser nossas parceiras nesse negócio realizado em Minas. Ainda não temos uma definição”, disse o executivo.
Segundo Yi, o grupo ECE já havia feito negócios em Mariana, na Região Central, com a empresa Pamin. “No entanto, o negócio com a Itaminas é o maior projeto da nossa história e muito atrativo”, declarou. A ECE fica na Província de Jiangsu, que responde por 1% do território chinês, 6% da população daquele país e 10% do Produto Interno Bruno (PIB) da China. O país asiático consome anualmente 600 milhões de toneladas de minério de ferro.
(Por Tetê Monteiro, UAI, 25/03/2010)