O presidente da EDP Renováveis do Brasil, Miguel Setas, afirmou ontem que a companhia ainda não definiu a participação no leilão de fontes alternativas marcado para junho, mas que uma planta eólica em Santa Vitória do Palmar, no litoral do Rio Grande do Sul, "está em condições" de ser habilitado para o certame que envolve ainda projetos de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas.
"Analisamos a entrada no leilão, mas nossa visão é de longo prazo. Não ter participado do último e talvez não participar deste não significa que não iremos investir no Brasil", considerou Setas, em entrevista durante o lançamento da pedra fundamental do parque Tramandaí (RS), de 70MW, projeto do Proinfa que foi adquirido junto à Elebrás.
A aquisição dessa usina, a qual começa a ser construída entre o final de março e o começo de abril, com início de operação comercial marcado para dezembro deste ano, ilustra a faixa de preço que a EDP considera viável para seus investimentos - enquanto projetos do Proinfa têm tarifas acima dos R$ 200, a média dos parques licitados no leilão exclusivo de dezembro ficou em R$ 144. "O preço que trabalhamos na Europa é entre 75 e 85 euros o MWh", disse a presidente mundial da EDP Renováveis, Ana Maria Fernandes, estimando um valor muito mais próximo dos colocados no início dos anos 2000.
Os executivos fizeram questão de mostrar, porém, que nem só o preço do MWh é o ponto que viabiliza ou não um investimento. "Temos que analisar caso por caso, por isso hoje lançamos um Proinfa, amanhã podemos entrar no leilão, depois comprar mais projetos. Depende do mix entre preço, investimento, fator de capacidade, posição geográfica e outras condições", pondera Setas.
O presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Lauro Fiuza, disse compreender o perfil das gigantes eólicas. "Essas grandes empresas, como a EDP e a Iberdrola, tem um perfil de negócios mais cauteloso. Eles têm grandes investimentos em outros países, então avaliam com muito mais calma as possibilidades no Brasil. O retorno para os preços competitivos dos leilões atuais ainda não é bom na visão deles, mas tenho certeza que ainda vão investir de forma muito forte no nosso País."
Dentro do portfólio adquirido pela EDP no Rio Grande do Sul, projetos num total de 532 MW, o único proveniente do Proinfa é mesmo Tramandaí. Nessa usina, o fornecimento de equipamentos ficará por conta da Wobben, a serem fabricados na planta de Sorocaba (SP).
(Por Paulo Silva Jr., DCI, 25/03/2010)