A EDP Renováveis Brasil (empresa do grupo português EDP) enquanto constrói o parque eólico de Tramandaí, já estuda outros empreendimentos no Rio Grande do Sul. O vice-presidente da EDP no Brasil, Miguel Setas, informa que a companhia tem o projeto de Santa Vitória do Palmar, de 81 MW, com condições de disputar o leilão de fontes alternativas a ser realizado em junho. A estratégia para a concorrência não está definida, e o foco na área eólica, no momento, é implementar o parque do Litoral Norte gaúcho.
Ontem, dirigentes do grupo, políticos e a governadora Yeda Crusius realizaram a solenidade de lançamento da pedra fundamental desse empreendimento na Sociedade Amigos de Tramandaí (SAT). As obras da usina eólica de Tramandaí começarão até o início de abril e deverão ser concluídas em dezembro. O investimento previsto é de cerca de 100 milhões de euros. O complexo terá capacidade instalada de 70 MW e produção estimada de 211.437 MWh anuais, energia que poderia atender a uma cidade de cerca de 200 mil habitantes.
O complexo ocupará uma área de 832 hectares na zona Sul de Tramandaí, quase na divisa com Cidreira. Durante o pico das obras, gerará cerca de mil postos de trabalho e na sua operação mais 150. O parque será composto por 31 aerogeradores (de 1,9 a 2,3 MW), com torres de 98 metros de altura e pás de 40 metros.
O grupo EDP comprou da Elebrás os direitos do projeto. Quando o empreendimento estava sob a responsabilidade dessa companhia, em 2004, ele foi um dos selecionados dentro do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa). Essa iniciativa, do governo federal, prevê a compra de energias alternativas, mais caras do que a tradicional hidreletricidade, por parte da Eletrobras.
Além da estrutura de Tramandaí, a EDP Renováveis Brasil adquiriu mais 462 MW em projetos da Elebrás (esses sem a seleção do Proinfa). O total do negócio envolveu R$ 6 milhões. Os próximos projetos da empresa, provavelmente, terão que disputar leilões para serem concretizados.
ABEEólica defende separação das fontes no leilão
Quanto a essa concorrência do leilão de renováveis, o presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Lauro Fiuza Junior, afirma ser favorável à separação dos três setores. Ele acrescenta que se o critério for apenas preço, envolvendo fontes diferentes, "vira uma salada". A ABEEólica deve realizar em breve uma reunião para discutir a questão com o Ministério de Minas e Energia. Fiúza Junior estima que para a consolidação da energia eólica no Brasil seria necessário leiloar cerca de mil MW por ano. Ele compara os índices com a China, que implementou no ano passado 13,3 mil MW eólicos, e com os Estados Unidos, com 9,9 mil MW.
O presidente da ABEEólica acredita que a EDP será uma das empresas que investirá fortemente nos próximos anos. A presidente mundial da EDP Renováveis, Ana Maria Fernandes, confirma essa intenção de desenvolver novos projetos no País.
Além dos 100 milhões de euros em Tramandaí, a EDP no Brasil pretende investir nos próximos três anos em torno de R$ 3 bilhões em diversos projetos da área de energia, sendo que 70% será aplicado em geração e 30% em distribuição. No evento, a governadora Yeda aproveitou para ressaltar que o parque eólico de Tramandaí servirá para gerar energia de uma maneira sustentável e com menor impacto ambiental.
(Por Jefferson Klein, JC-RS, 25/03/2010)