A década termina como a mais quente que a humanidade já experimentou, pelo menos desde que as temperaturas começaram a ser registradas no planeta em 1850. Os dados foram divulgados hoje pela Organização Meteorológica Mundial - um braço técnico da ONU. Segundo a entidade, 2009 entrou ainda para a história como o quinto ano mais quente já registrado e com anomalias no clima em vários continentes.
No Brasil, o principal sinal desses eventos climáticos atípicos tem sido as fortes chuvas. De acordo com a ONU, a América do Sul experimentou um ano com temperaturas acima da média. Para a ONU, não há dúvidas que a temperatura do planeta vem subindo a cada década. Entre 2000 e 2009, a temperatura média superou o antigo recorde, que era dos anos 90. Naqueles anos, a temperatura média foi 0,22 graus Celsius acima do padrão dos últimos 30 anos.
O recorde anterior havia sido registrado nos anos 80, o que mostra a aceleração da elevação da temperatura. O ano de 2009 ainda marcou como o quinto mais quente, com uma média de temperatura 0,44 graus Celsius acima da média entre 1961 e 1990, que foi de 14 graus. Parte da explicação foi a emergência do fenômeno do El Nino. Por enquanto, o ano de 1998 continua sendo como o mais quente da História. Chuvas - Temperaturas acima do normal foram registradas em todos os continentes. No Sudeste Asiático e no centro da África, os termômetros bateram recordes.
O sul do Brasil, assim como Paraguai, Uruguai e Argentina - também foram alvo de temperaturas elevadas fora da estação de verão. "Em 2009, eventos extremos foram frequentes no sul da América do Sul", afirmou a ONU. Em toda a região sul-americana, as temperaturas em 2009 ficaram acima da média.
A entidade classificou o outono no Brasil como "extremamente quente", com temperaturas entre 30 e 40 graus. "Vários recordes foram quebrados na América do Sul", afirmou a entidade. Um dos exemplos dados pela OMM para demonstrar as anomalias foram as fortes chuvas e inundações no Nordeste brasileiro entre abril e maio de 2009, as piores em 20 anos. O "dilúvio" teria afetado 186 mil pessoas.
Na primavera brasileira, as chuvas ainda foram intensas no sul do Brasil, afetando 15 mil pessoas no País e no Uruguai e Argentina.
Outra constatação é de que os eventos extremos continuam se multiplicando e ganhando intensidade. Os problemas não são apenas as temperaturas altas. O mês de outubro foi o terceiro mais frio da história dos Estados Unidos para essa época do ano, o mesmo ocorrendo na Escandinávia. Outubro ainda foi o mês mais chuvoso em 115 anos nos Estados Unidos.
Os eventos extremos foram sentidos na Argentina, com temperaturas altas e invernos mais frios que o normal no sul e maior queda de neve em 15 anos.
Já a China teve o terceiro ano mais quente desde 1951 e a maior seca em cinco décadas. Uma onda de calor na Índia em maio matou 150 pessoas e faltou água em 40% das cidades. No leste da África, a seca gerou queda de 40% na produção de milho.
(Agência Estado, JC-RS, 24/03/2010)