O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, reuniu-se nesta terça-feira (23/3) com o primeiro-ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive, para discutir possibilidades de ajuda brasileira ao país caribenho, afetado por um grande terremoto em janeiro deste ano. Segundo Amorim, Bellerive disse que a hidrelétrica do Rio Artibonite, que o Brasil construirá no Haiti, continua sendo uma prioridade para os haitianos.
Bellerive e Amorim reuniram-se na tarde de hoje, depois de uma mesa redonda que discutiu a reconstrução do Haiti, no Fórum Urbano Mundial, que acontece na zona portuária do Rio de Janeiro.
“Eu perguntei a ele se a barragem continua sendo uma prioridade, porque nós só queremos ajudar naquilo que for prioritário para eles. Ele me disse que sim e vai me confirmar qual é o melhor formato. Porque há algumas possibilidades, como uma barragem que alaga mais e gera mais energia, ou uma que alaga menos”, disse Amorim.
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Segundo o ministro brasileiro, durante a conversa de cerca de 20 minutos, também foram abordadas outras formas de contribuição que o Brasil pode ter no esforço de reconstrução do Haiti. “Estamos também vendo para onde direcionamos nossa ajuda. Em alguns casos, há de ser em colaboração com outros organismos, como o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento], ou com outros países”, afirmou.
Amorim também ressaltou a necessidade do Haiti, e principalmente da capital Porto-Príncipe, se reinventar depois do terremoto. “Nós, no Brasil, temos muitas favelas. Conheço muitas favelas, mas as favelas brasileiras, na sua maioria, parecem até um condomínio de classe média, comparadas com favelas do Haiti, como Cité Soleil e Bel-Air. No Haiti, temos um desafio múltiplo, que é um desafio ambiental, habitacional e social-econômico”, disse.
O chanceler também defendeu a participação brasileira na Missão de Paz das Nações Unidas no Haiti (Minustah) reafirmando que não se trata de uma intervenção, mas de um mandato das Nações Unidas. Ele também disse que o compromisso do Brasil com a nação caribenha continua, mesmo depois do terremoto.
“Sempre entendemos que compromisso do Brasil com o Haiti é de longo prazo. Não esperávamos que ocorresse essa tragédia, mas ela, curiosamente, não nos afastou em nenhum momento desse compromisso”, disse Amorim.
(Agência Brasil, 23/03/2010)