A reavaliação toxicológica de 14 substâncias usadas em mais de 200 agrotóxicos é outro ponto de atrito entre a Anvisa e as empresas do setor. Nos últimos dias, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura, enviou ofício à Casa Civil pedindo que os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente participem do processo.
Ela alega que o veto às substâncias aumentará o custo da produção. Esses dois ministérios já fazem avaliação do registro de agrotóxicos, cada um em sua área.
A atuação da Anvisa, agora, restringe-se aos possíveis danos à saúde.
Uma das substâncias reavaliadas pela agência já foi banida. Trata-se da cihexatina, que já foi muito usada na cultura de cítricos. Segundo a Anvisa, ela pode causar problemas aos sistemas neurológico e reprodutivo. Foi estabelecida uma regra de transição segundo a qual, até 2011, ela poderá ser usada em São Paulo.
A reavaliação de outras três substâncias já foi submetida a consulta pública. O indicativo da área técnica da Anvisa é que elas sejam banidas, mas a decisão final cabe à diretoria da agência. Isso pode acontecer ainda neste semestre.
Uma delas é o endossulfam, usado nas culturas de café e soja. Segundo a Anvisa, sobre ele recai a suspeita de que cause problemas endocrinológicos e danos ao sistema reprodutivo. Já o metamidofós estaria associado a problemas neurológicos. O triclorfom, a danos à reprodução e ao sistema hormonal. Ele já foi vetado pelo Ibama, que analisou o impacto ambiental. Todos esses produtos já são proibidos na União Europeia.
Para as demais, ainda não há data prevista para a decisão final da Anvisa. As culturas que mais utilizam agrotóxico no Brasil são as de soja, milho e cana.
(Folha de S. Paulo, 22/03/2010)