Trabalhadores da Fibria, empresa resultante da fusão de Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Aracruz, no Espírito Santo ameaçam interromper a produção na unidade Aracruz (antiga Barra do Riacho), caso a empresa não retome negociações acerca do acordo coletivo. Na semana passada, o grupo aprovou um plano de lutas e autorizou o Sindicato dos Trabalhadores Químicos e Papeleiros do Estado (Sinticel) a promover ações de paralisação da produção.
De acordo com o presidente do Sinticel, Artur Duarte Branco, a entidade encaminhou na sexta-feira carta à direção da Fibria, informando que se não houver retomada das negociações até o dia 25 (quinta-feira), quando está prevista uma reunião de mediação na Superintendência Regional do Trabalho, os trabalhadores entrarão em greve. "Até lá, vamos tomar medidas como impedir a entrada de madeira ou de matérias-primas, para provocar interrupções na produção", disse.
Os trabalhadores alegam que a Fibria não respeita o acordo coletivo, que em duas ocasiões foi rejeitado pela assembleia. Conforme Branco, a companhia teria instituído à revelia dos funcionários a coparticipação no pagamento de 25% no plano de saúde e no seguro de vida e reduzido de 40% para 33,3% o abono de férias, conforme previsto na lei.
A Fibria informa que a proposta final do acordo rejeitada pelos trabalhadores foi discutida em 11 rodadas de negociação e o estado de greve decidido na sexta-feira foi deliberado em reuniões restritas, por grupo que representa apenas 8% do efetivo. A companhia afirma que as operações seguem normais.
A ameaça de paralisação da produção em Aracruz, cuja capacidade instalada é de 2,3 milhões de toneladas por ano, vem justamente em um momento de alta acelerada nos preços da celulose. Caso a oferta seja reduzida, pode haver nova pressão de alta. Na semana passada, a Fibria anunciou o quarto reajuste do ano nos preços da celulose de fibra curta e foi acompanhada pela Suzano Papel e Celulose.
O novo aumento, de US$ 50 por tonelada, será implementado nos três mercados de referência a partir de 1º de abril. Com o reajuste, o preço da celulose no mercado europeu voltará a US$ 840 por tonelada, pico atingido pela matéria-prima no pré-crise.
(Por Stella Fontes, Jornal Valor, IHU-Online, 22-03-2010)