Nove bilhões de pessoas devem habitar o planeta em 2050 e ter casa, comida e viver de uma forma sustentável é o grande desafio. Esse foi o dado e o problema lançado por Michael Becker, engenheiro ambiental com especialização em recurso hídricos da WWF, na palestra "Responsabilidade Socioambiental e os Dilemas do Desenvolvimento", que aconteceu na manhã deste sábado (20), no último dia do 3º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, em Cuiabá (MT).
O engenheiro lembrou ainda que esse aumento de população resulta, igualmente, em um maior número de pessoas morando em cidades e consumindo recursos naturais. Com isso nasce o desafio de inovação das empresas, dos governos e das pessoas, que está em definir o que é crescimento econômico. "Seria o consumo de recursos naturais e degradação do meio ambiente?", pergunta ele. Michael contraria o senso comum ao afirmar que “essa questão da sustentabilidade não significa problemas, grandes adaptações para a indústria”.
Becker listou ações necessárias para conciliar e fazer esse desenvolvimento com responsabilidade. O WWF incentiva a criação e produção de gado orgânico, por exemplo, e a certificação desta produção. Outra ação realizada pela ong é análise da pegada ecológica de Cuiabá, para quantificar se há ganhos ou redução na degradação na cidade. O moderador Wiilson Bispo, da Agência Envolverde, comentou que na sua opiniao, essa é a questão : produção e consumo. Uma mudanca demosntrada por ele e o indice de felicidade interna, que surgiu há poucos anos no Butão e leva em conta outros fatores, como a preservação ambiental, diferente do produto interno bruto.
Claiton Mello, mestrando em desenvolvimento sustentável e gerente de mobilização social e comunicação na Fundação Banco do Brasil, afirmou que a seu ver a questão atual é o desenvolvimento. E a ideia de muitas pessoas, de muitos empresários, é de que os recursos naturais são ilimitados, de que o desenvolvimento é ilimitado. No campo político, está mantido o status quo. Para ele a ideia de meio ambiente tem que estar nas editorias de política, inseridas neste contexto. É necessário pensar diferente do ponto de vista da ciência, da tecnologia, da política, fazendo um desenvolvimento includente e uma sociedade que reduza o consumo.
Na Fundação Banco do Brasil eles trabalham com o conceito da tecnologia social. Mello afirma que ela compreende produtos e técnicas desenvolvidas em interação com a comunidade, diferente de tecnologia tradicional na qual “um cérebro sozinho pensa em uma caixa preta fechada”, critica ele.
(Por Raíssa Genro, EcoAgência, 22/03/2010)