Cidade quer elevar em dez vezes área verde por habitante, de 6,4 m² para 64 m²
Campinas tem um imenso desafio ambiental a enfrentar nos próximos dez anos. A prefeitura pretende elevar o índice de 6,4 metros quadrados de área verde por habitante para 64 m² nesta década. Ao elevar em dez vezes o número atual, a cidade se lança na ambição de superar em muito a meta recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU), de 12 m² per capita.
O prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) e o secretário municipal de Meio Ambiente, Paulo Sérgio Garcia de Oliveira, tentam também reverter um índice traumático registrado em 1999. Naquele ano, apenas 2,5% de 786 km² mapeados por um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) eram de cobertura de vegetação nativa.
Agora, a gestão de Santos afina o discurso da sustentabilidade para criar unidades de conservação, estimular cidadãos e empresários a contribuir no processo de revitalização de áreas verdes e investir em saneamento.
A pesquisadora da Unicamp Dionete Santin, responsável pelo estudo daquela década, considera a meta plausível. Hoje, ela coordena um novo mapeamento das áreas verdes. Iniciada no ano passado, a pesquisa será concluída neste ano.
Embora o estudo esteja atrasado por causa das chuvas, Dionete adianta que as expectativas são otimistas. "Não há números ainda, mas, pelo que já foi visto em campo, percebemos que as áreas verdes aumentaram muito. O índice certamente mais do que dobrou", afirma.
Esse índice de observação, aferido por Dionete, deverá chegar, de acordo com expectativas da prefeitura, até 10% de cobertura verde. Para isso, Oliveira e Santos trabalham com planos de investimentos na ordem de R$ 400 milhões, com verbas municipais, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de parcerias público-privadas (PPPs).
Novos parques. Os recursos financeiros foram distribuídos para projetos que estão em execução desde 2005 e obras que serão entregues até 2011, entre elas o programa de macrodrenagem, seis parques (Linear Capivari, Botânico, Águas, Yasser Arafat, da Mata e Ribeirão das Pedras) e nove estações de tratamento de esgoto (Capivari I e II, Piçarrão, Anhumas, Barão Geraldo, Sousas e Joaquim Egídio, San Martin, Boa Vista e Nova América).
Essas ações colocaram Campinas entre oito bem-sucedidas experiências municipais brasileiras de gestão ambiental urbana avaliadas pelo Ministério do Meio Ambiente neste ano - 109 experiências participaram do concurso do governo federal. A cidade é citada como exemplo a ser seguido. Além de Campinas, foram consideradas eficientes na gestão ambiental Pinhal (RS), Olinda (PE), Osório (RS), Paty do Alferes (RJ), São José do Rio Preto (SP), Sumaré (SP) e Uberlândia (MG).
Saneamento básico. Exemplo desse reconhecimento de gestão está o tratamento do esgoto. "Não adiantaria preparar a ampliação da área verde se não pensássemos em recuperar os recursos hídricos que atendem 64 municípios", diz o prefeito.
Na outra ponta de investimentos está o replantio de árvores. A Secretaria de Meio Ambiente estima que em quatro anos tenham sido plantadas 400 mil mudas. A meta para os próximos três anos é chegar a 1 milhão.
"Também não adianta falar em recuperação ambiental sem envolver a população", diz o secretário Santos. Por isso, um dos critérios na criação dos seis parques do município foi a atenção a áreas praticamente desprovidas de vegetação e lazer. "Só o Parque Linear Capivari, na região Sudoeste, beneficia 330 mil habitantes", diz o prefeito.
(Por Tatiana Fávaro, O Estadao de S.Paulo, 20/03/2010)