(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
tecnologia solar fontes alternativas
2010-03-22 | Tatianaf

País tem 20 MW de capacidade instalada para geração de energia fotovoltaica

A crise energética e a busca por energias renováveis têm reacendido o debate sobre fontes alternativas como a fotovoltaica, na qual células solares convertem luz diretamente em eletricidade. Mas no Brasil, país que pela área, geografia e localização, entre outros fatores, é potencialmente favorável para o desenvolvimento de sistemas fotovoltaicos, existe um atraso em relação a outros países.

Esse foi um dos diagnósticos apresentados durante o Workshop em Energia Fotovoltaica, realizado na semana passada na sede da FAPESP. O objetivo do evento foi reunir especialistas para discutir desafios científicos e tecnológicos de curto, médio e longo prazos no setor, além de expor o panorama mundial de desenvolvimento da pesquisa e inovação, recursos e lacunas existentes nas universidades e centros de pesquisa no Estado de São Paulo.

De acordo com Cylon Gonçalves da Silva, professor emérito do Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador adjunto da FAPESP para Programas Especiais, o objetivo maior do workshop foi fazer uma prospecção do que já existe no Estado de São Paulo em pesquisa e desenvolvimento na área de eletricidade fotovoltaica.

"A partir disso, pretendemos avaliar se caberia ou não à FAPESP a criação de um programa específico nessa área. Como todo programa específico da Fundação, será necessário demonstrar não apenas sua relevância técnico-científica, mas também o diferencial de contribuição para o desenvolvimento de São Paulo que ele pode propiciar", disse à Agência FAPESP.

Os participantes, ligados a grupos de pesquisa no Estado de São Paulo, apresentaram diversos aspectos relacionados ao tema. As palestras abordaram, em linhas gerais, o desenvolvimento de células solares e de módulos fotovoltaicos, a necessidade de se produzir silício de alta pureza (o chamado silício de grau solar), a reativação dos laboratórios e a necessidade de uma política nacional na área para viabilizar a produção em larga escala, entre outros aspectos.

A energia solar fotovoltaica é a forma de produção de eletricidade que mais cresce no mundo atualmente. Segundo estudos do Instituto de Energia da Universidade da Califórnia e da Associação das Indústrias Fotovoltaicas Europeias, desde 2003 o índice de expansão dessa indústria ultrapassa 50% ao ano.

Para o professor Francisco Marques, do Instituto de Física da Unicamp, que apresentou o panorama da pesquisa fotovoltaica no mundo, esse índice extraordinário só foi possível devido à integração dos sistemas fotovoltaicos integrados à rede pública convencional de energia.

"Como é uma energia intermitente, acoplada à rede, não há necessidade de baterias para armazenamento. O Brasil tem tido um crescimento muito lento em aplicações isoladas. Para ter uma expansão acelerada, terá de desenvolver sistemas integrados à rede elétrica", afirmou.

Roberto Zilles, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), abordou os sistemas periféricos de armazenamento das energias fotovoltaicas e destacou a reduzida produção nacional por esse sistema."Temos apenas cerca de 20 MW de capacidade instalada para geração de energia fotovoltaica em sistemas isolados, que são empregados em bombeamentos de água e eletrificação rural, em áreas na Amazônia, no Norte e no Nordeste", disse. Esse valor daria, por exemplo, para o consumo de uma pequena cidade com cerca de 2 mil a 3 mil habitantes.

Segundo Zilles, a iniciativa com sistemas isolados está contemplada na resolução 83 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 2004, que estabelece os procedimentos e as condições de fornecimento de sistemas individuais de geração de energia elétrica com fontes intermitentes, que contempla as fontes solar, eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas.

Custo energético
"A raiz do problema que emperra a expansão brasileira na área esbarra na produção do silício. As células mais importantes e consolidadas no mercado são as fabricadas à base de silício", disse Henrique Toma, professor do Laboratório de Nanotecnologia Molecular da USP, que apresentou estudos desenvolvidos sobre síntese de novas moléculas e de fotossíntese artificial, uma área ainda em desenvolvimento no país.

Depois do oxigênio, o silício é o elemento químico mais abundante na crosta terrestre. Para o professor Paulo Roberto Mei, do Departamento de Engenharia de Materiais, da Unicamp, não faz sentido investir em um produto em que se tem perdido mercado, no caso o silício metalúrgico. O Brasil exporta essa forma impura do mineral a US$ 2 o quilo, enquanto importa o silício de alta pureza, para uso na indústria eletrônica, a US$ 60 o quilo.

"Vendemos a forma impura, que é muito fácil de fazer e não usa praticamente nenhuma tecnologia. Mas o problema é que, para isso, gasta-se muita energia, além de produzir muito material particulado, que polui o meio ambiente. No Brasil, temos uma legislação rigorosa que obriga a usar filtros muito eficientes, o que é muito bom. Mas, resumindo, o processo é caro e a venda não é lucrativa", explicou.

Segundo ele, o país vem perdendo espaço para a China e para a Índia nessa produção. "Eles conseguem produzir o mesmo silício metalúrgico com um custo menor. A China detinha 25% do mercado mundial há alguns anos e hoje tem quase 70%. Indústrias brasileiras têm sido compradas por empresas norte-americanas para transformar o silício metalúrgico em silício de alta pureza. Do ponto de vista estratégico para o país, isso é um desastre", disse Mei.

O professor da Unicamp destaca que o silício poderia ser usado não apenas para a produção de energia fotovoltaica, mas na indústria de microeletrônica, isto é, de semicondutores.

Outra discussão importante no workshop foi o custo energético. Entre todas as formas de energia limpa, a fotovoltaica ainda é a mais cara. "Em uma análise apenas econômica, talvez se conclua que importar é mais fácil, por ser mais barato. Mas existem outros aspectos. Quando os norte-americanos levaram o homem à Lua, pode não ter significado muito do ponto de vista econômico em um primeiro momento, mas gerou um parque industrial incrível", disse Mei.

Mas a discussão política na área de fotovoltaicos parece caminhar na direção da importação. Já está em curso no Senado o projeto de número 336/2009 que isenta do imposto de importação, que é de 12%, as empresas estrangeiras que fornecerem células fotovoltaicas, módulos em painéis e seus periféricos.

Pelo projeto proposto, todos os estádios da Copa de 2014, que será no Brasil, utilizariam energia fotovoltaica. De acordo com Roberto Zilles, o projeto, que tem apenas um parágrafo, tem grandes chances de aprovação.

"Mas, se o objetivo é incentivar o desenvolvimento de tecnologia fotovoltaica – seja a produção de células ou de elementos periféricos –, isentar de impostos os produtos prontos tira a perspectiva em relação à pesquisa, desenvolvimento e inovação nessa área no país", disse.

Geração potencial
No campo do desenvolvimento de células fotovoltaicas, o Brasil tem acompanhado as pesquisas de ponta internacionais, mas ainda em nível experimental. De acordo com Ana Flávia Nogueira, do Instituto de Química da Unicamp, atualmente o Laboratório de Nanotecnologia e Energia Solar (LNES) da Unicamp já desenvolve células com materiais nanoestruturados, as chamadas células de terceira geração.

"A grande vantagem é que o custo desses materiais é baixo. Já conseguimos utilizar em aplicações menores, como em mochilas solares, utilizadas para carregar baterias de notebooks, por exemplo", disse no workshop na FAPESP.

O problema, segundo ela, é que a eficiência energética da conversão da energia da radiação solar em energia elétrica ainda não é satisfatória, girando em torno de 6,5%. Atualmente, a média mundial de eficiência é de 14% e as melhores células no mercado não ultrapassam os 20%.

As células da primeira geração utilizavam o silício monocristalino. As de segunda, os filmes finos e, atualmente, as da terceira geração empregam células fotovoltaicas orgânicas ou células fotovoltaicas híbridas orgânicas/inorgânicas.

"Os dispositivos fotovoltaicos baseados em silício monocristalino representam uma tecnologia completamente dominada e que apresenta elevado índice de conversão de energia solar em elétrica. Mas o custo de produção e de manutenção torna inviável seu uso em larga escala", disse Roberto Mendonça Faria, do Instituto de Física de São Carlos da USP.

Segundo ele, a tecnologia produzida a partir dos semicondutores amorfos e de óxidos, na forma de filmes finos (segunda geração), vem se mostrando viável do ponto de vista econômico. Mas o destaque está mesmo na terceira geração.

"A nova geração de tecnologia dos dispositivos orgânicos é de fácil processamento, baixo custo de fabricação e muito versátil. Eles ainda não apresentaram eficiências energéticas aceitáveis, mas as pesquisas vêm se desenvolvendo rapidamente. É preciso um mecanismo para coordenar os vários grupos de pesquisa no Brasil a fim de viabilizar a fabricação desses dispositivos para torná-los mais eficientes na aplicação", defendeu.

Nos encaminhamentos do workshop, os participantes se dividiram em três grupos de trabalho. Cada um elaborará um documento com a análise dos principais aspectos discutidos no workshop, focados principalmente nas três gerações de células solares. O objetivo é que, a partir dos documentos, seja realizado um novo encontro.

(Por Alex Sander Alcântara, Exame, 19/03/2010)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -