Nessa segunda-feira (15/3), um ato de resistência à construção da hidrelétrica e em defesa da vida e do Rio Xingu encheu as ruas de Altamira, no Pará. Movimentos sociais e moradores da região queimaram bonecos e protestaram contra a barragem, cuja licença prévia foi liberada pelo governo em fevereiro deste ano.
A manifestação, organizada conjuntamente pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS), saiu do campus da Universidade Federal do Pará, onde estão acampados moradores das cidades de Marabá e Tucuruí. Os manifestantes de fora vieram com o objetivo de reforçar o movimento de resistência contra Belo Monte e sensibilizar a população local sobre as violações e opressões vividas pelos atingidos por barragens de outras localidades do País.
Mais de 1.500 pessoas – entre representações dos movimentos sociais, estudantes, agricultores e ribeirinhos da Volta Grande do Xingu, lideranças do MAB de Tucuruí e Marabá, representações dos movimentos sociais dos municípios de Porto de Moz, Gurupá, Senador José Porfírio, Vitoria do Xingu e Anapu – marcharam pelas principais ruas comerciais de Altamira em protesto contra o governo Lula e a implantação ilegal da barragem de Belo Monte no Rio Xingu. Durante a caminhada, os manifestantes pararam em frente ao centro Eletronorte e queimaram os bonecos do Presidente Lula, dos ministros Dilma Russef e Carlos Minc e dos representantes das empresas interessadas na construção da barragem, como Camargo Correia, Odebrecht e Andrade Gutierrez, Vale, Alcoa e Suez.
Até 19 de março, o MAB vai acompanhar moradores de Tucuruí, Marabá, Itaituba e da região da Transamazônica e do Xingu em palestras e visitas a famílias de áreas de baixadas da cidade de Altamira, para repassar as experiências sofridas pelos atingidos por barragens com a construção de hidrelétricas, como a de Tucuruí.
Segundo a representante do Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS), Antônia Melo, a proposta é fortalecer o movimento para ajudar os moradores da região na luta de resistência contra a construção de Belo Monte: “Os exemplos de outras barragens mostram que o povo atingido é expulso e tratado como objeto descartável. A realidade das construções de barragens mostra que as empresas não respeitam os direitos das populações atingidas e o governo, irresponsável, que entrega os rios e a vida do povo nas mãos destas empresas, vira as costas ao clamor da população. Isso não pode acontecer”.
(ISA, 17/03/2010)