Protestos pipocaram por toda a Europa contra a destruição das florestas que servem de habitat para orangotangos na Indonésia. O motor dessa devastação, que colocou os primatas à beira da extinção, é a conversão do uso do solo de mata virgem para o plantio de palmáceas.
A Nestlé, que sustenta essa atividade comprando óleo de palma da Indonésia para produzir chocolates como o Kit kat, foi o alvo das manifestações no continente europeu, parte de uma campanha global que o Greenpeace lança hoje contra a companhia. A Nestlé por enquanto continua jogando de ponta de lança no time das empresas que estimulam a destruição das florestas tropicias.
Além de financiar a derrubada em massa de mata na Indonésia e empurrar os orangotangos para o abismo da extinção, a Nestlé está contribuindo para agravar o aquecimento global. Florestas ajudam a regular o clima e acabar com o desmatamento, uma das maneiras mais rápidas de reduzir as emissões de Co2 na atmosfera.
Foi por isso que escritórios da Nestlé na Inglaterra, Holanda e Alemanha acabaram sendo palco de protestos por ativistas do Greenpeace, pedindo para que a empresa deixe de utilizar óleo de palma proveniente da destruição de área antes ocupada por florestas na Indonésia.
As manifestações concidiram com o lançamento de um novo relatório do Greenpeace – 'Pega com a mão na cumbuca: como o emprego de óleo de palma pela Nestlé tem um impacto devastador na floresta tropical, no clima e nos orangotangos' (em inglês) – que expõe os laços entre a Nestlé e fornecedores de óleo de palma, como a Sinar Mas, que estão ampliando suas plantações em florestas de turfa (ricas em carbono) e nas florestas tropicias da Indonésia.
Além da produção de óleo de palma, a Sinar Mas também é proprietária da Ásia celulose, a maior empresa de papel da Indonésia. A empresa também infringe a lei da Indonésia ao destruir as florestas protegidas para cultivar plantações de óleo de palma.
Como todos devem saber, a Nestlé é a maior empresa de alimentos e bebidas do mundo. O que ninguém sabia até então era que a empresa também é um grande consumidor de óleo de palma produzido às custas do desmatamento das florestas tropicais. Nos últimos três anos, a utilização anual do óleo quase duplicou, alcançando a marca de 320000 toneladas que entram em uma enorme gama de produtos, incluindo o chocolate mega popular KitKat, que não é vendido no Brasil.
"Toda vez que você der uma mordida em um KitKat, você pode estar dando uma mordida nas florestas tropicais da Indonésia, que são fundamentais para a sobrevivência dos orangotangos. A Nestlé precisa dar aos orangotangos uma pausa e parar de utilizar óleo de palma de fornecedores que estão destruindo as florestas", disse Daniela Montalto, do Greenpeace internacional.
O lançamento do relatório segue numerosas tentativas de convencer a Nestlé a cancelar seus contratos com a Sinar Mas. Recentemente, o Greenpeace contactou várias vezes a empresa com provas sobre as práticas da Sinar Mas, mas mesmo assim a Nestlé continua usando o óleo de palma da Indonésia em seus produtos.
Diversas empresas importantes, incluindo a Unilever e Kraft, cancelaram os contratos de óleo de palma com a Sinar Mas. A Unilever cancelou um contrato de 30 milhões de dólares no ano passado. A Kraft cancelou o seu em fevereiro. "Outras grandes empresas estão agindo, mas a Nestlé continua fechando os olhos para os piores infratores. É tempo de a Nestlé cancelar seus contratos com a Sinar Mas e parar de contribuir com a destruição das floresta tropical e de turfas," frisou Montalto.
As florestas tropicais da Indonésia e seus orangotangos estão precisando desesperadamente de um refresco! Participe da cyberação e peça para a Nestlé dar um tempo as florestas!
(Greenpeace Brasil, 17/03/2010)