Representantes das vítimas do amianto procedentes da América Latina, Europa e Ásia reuniram-se em Turim (norte da Itália) para exigir o fim da impunidade e a proibição mundial da "fibra assassina", que se encontra em plena expansão nos países em desenvolvimento.
O encontro, organizado segunda e terça-feira pela associação internacional Ban Asbestos (Proibir o amianto) busca "mostrar nova determinação para acabar com a impunidade dos responsáveis pela catástrofe mundial do amianto", afirma Annie Thébaud-Mony, porta-voz da Ban Asbestos francesa.
Os representantes das vítimas, que são dezenas, decidiram reunir-se em Turim já que esta cidade converteu-se no símbolo de seu combate: desde dezembro, tramita ali o processo judicial mais importante sobre o tema, e o primeiro de caráter penal, com aproximadamente 6 mil demandantes.
Stephan Schmidheiny, ex-proprietário do grupo suíço Eternit, que foi um importante acionista da empresa italiana Eternit, e o belga Jean-Louis Marie Ghislain de Cartier de Marchienne, que foi acionista minoritário e administrador dessa sociedade, são acusados de serem responsáveis pela morte de mais de 2 mil italianos.
"As condenações que esperamos que ocorram devem servir de jurisprudência. Os industriais do amianto sabiam exatamente quais seriam as consequências no que se refere a doenças", acusou Annie Thébaud-Mony, que é diretora de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica (Inserm).
Apesar de ser difícil quantificar o número de mortes causadas pelo amianto em diversos países, a França poderá ser responsável por em torno de 100 mil falecimentos antes de 2025, segundo a Afsset (Agência Francesa de Segurança Sanitária e Meio Ambiente).
Na América Latina, o primeiro passo foi dado em 2008 no Brasil, quando uma lei do estado de São Paulo, que proibia o amianto nessa região, foi julgada constitucional, apesar de um recurso impetrado por industriais, lembrou Mauro de Azevedo Menezes, advogado da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea).
(AFP, 16/03/2010)