Na manhã desta segunda-feira (15/3), cerca de 300 atingidos pelas barragens de Samuel, Santo Antônio e Jirau, montaram um acampamento na comunidade de Mutum, ao lado da BR 364, em Rondônia. A atividade faz parte da Jornada do Dia internacional de luta contra as barragens, pela água, pelos rios e pela vida, comemorado no dia 14 de março.
Além de discutir a pauta nacional de reivindicação do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) o acampamento tem o objetivo de elaborar a pauta dos atingidos pela barragem de Jirau. Eles reivindicam, entre outras coisas, o direito ao reassentamento e a um plano de desenvolvimento local.
O consórcio Enersus (Camargo Corrêa e GDF Suez) é responsável pelo programa de remanejamento da população atingida, mas não atende a vontade popular de resolver as situações pendentes quanto às indenizações e à realocação. Quando são indenizados, os ribeirinhos recebem casas de placas nas agrovilas. Dezenas dessas casas já caíram, mesmo antes de serem ocupadas. "É um modelo que para realidade da Amazônia não serve, pois a região é muito quente e será insuportável viver nelas, além do mais, a qualidade dessas casas é péssima e nós não queremos morar nesses lugares", declarou uma moradora. Outros, recebem reassentamentos de apenas 3 hectares, sendo que antes da barragem eles morava em áreas de cerca de 50 hectares.
As comunidades ainda resistem à retirada forçada pelo consórcio, que vem negando informações aos atingidos. “Os atingidos devem ter o direito de decidir para onde querem ir, e como deve ser a sua transferência, com direito de permanecer na beira do rio. No entanto, o que acontece é que e empresa decide tudo pelas famílias e, este processo, está violando vários direitos dos atingidos”, denunciou Océlio Muniz, da coordenação do MAB.
A situação das famílias foi relatada ao presidente Lula por Cleide Passos, atingida pela barragem de Santo Antônio. A audiência entre o presidente e o MAB aconteceu no dia 4 de fevereiro, em Brasília. Na ocasião o presidente reconheceu novamente a dívida do Estado brasileiro com os atingidos por barragens e afirmou a necessidade das pessoas terem as condições necessárias para viver com dignidade.
Durante o acampamento os atingidos irão cobrar das empresas que cumpram as definições do presidente. Eles pretendem ficar acampados até serem recebidos pelo consórcio.
(Mab, MST, 16/03/2010)