O biólogo e gestor do Parque Estadual do Tainhas, Daniel Vilasboas Slomp, fotografou no final do mês de fevereiro, dentro dos limites da Unidade de Conservação, um veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus). Trata-se de uma espécie criticamente em perigo de extinção no Rio Grande do Sul e no Paraná e de acordo com os critérios específicos, está sob um risco extremamente alto de extinção na natureza. Seu último registro na região dos Campos de Cima da Serra havia ocorrido ao final da década de 90 e início de 2000. O veado-campeiro é facilmente diferenciado das outras espécies de veados por apresentar pelagem esbranquiçada ao redor dos olhos, na porção inferior do corpo e da cauda, além de os machos possuírem uma galhada com três pontas (trifurcada) com cerca de 30 cm, que cai no inverno ao final do período reprodutivo.
Duas semanas antes desse registro fotográfico foi constatada também a presença do leão-baio (Puma concolor) na região do Parque Estadual do Tainhas. “Esses registros são importantes por comprovar que as medidas de conservação adotadas para preservar as nossas paisagens nativas, como a criação de unidades de conservação e proibição da caça, estão dando resultado”, afirmou Daniel. Segundo o gestor, a volta de mamíferos desse porte demonstra que existe novamente um elevado grau de qualidade ambiental, “permitindo que eles circulem livremente por nossos campos e florestas”.
Informações Gerais
O veado-campeiro pode atingir de 120 a 150 cm de comprimento, 70 a 75 cm de altura e 30 a 40 kg de massa. Estes animais alimentam-se, principalmente. de itens suculentos e leves com alto teor energético e de fácil digestão, como flores, folhas novas, gomos e arbustos. Por ser uma espécie altamente seletiva em sua alimentação e, portanto, muito vulnerável à degradação do meio, é ideal como indicadora de qualidade ambiental.
Ameaças
A diminuição das populações desta espécie deve-se, principalmente, à caça excessiva e à redução do seu hábitat natural devido à ação antrópica. Este veado era caçado por “esporte” e para alimentação. Sua redução populacional deve-se ainda à transmissão de doenças por animais domésticos. A criação de ovelhas é apontada como um dos fatores negativos que atuam sobre a espécie, seja por competição de forragem ou transmissão de doenças. A principal causa do seu quase completo extermínio na Argentina foi a grande epidemia de febre aftosa que atingiu aquele país.
(Sema, 15/03/2010)