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impactos mudança climática
2010-03-15 | Tatianaf

Os efeitos negativos da mudança climática são ainda mais devastadores nas mulheres do que nos homens, e vão desde maior mortalidade em desastres naturais a uma carga mais pesada no lar. Nos furacões de 1991 que mataram 140 mil pessoas em Bangladesh, 90% das vítimas eram mulheres. No tsunami asiático de 2004, entre 70% e 80% das mortes também foram femininas. Depois do Furacão Katrina de 2005 nos Estados Unidos, as mulheres negras, que faziam parte da população mais pobre dos Estados afetados (Alabama, Louisiana, Mississippi), enfrentaram os piores obstáculos para sua sobrevivência, segundo a Organização das Mulheres para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Wedo), com sede em Nova York.

O Informe de Desenvolvimento Humano 2007, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), indica que as mulheres foram particularmente afetadas pela mudança climática porque são a maior proporção – cerca de 70% – da população pobre. Amy North, pesquisadora em temas de gênero, educação e iniciativas para a redução da pobreza mundial no Instituto de Educação da Universidade de Londres, disse à IPS que a mudança climática também exacerba as desigualdades de gênero existentes, com um efeito devastador sobre a qualidade de vida das mulheres e meninas pobres.

Em muitas partes do mundo, elas são as responsáveis por conseguir água e lenha. Como estes recursos estão cada vez mais escassos porque as chuvas são cada vez mais erráticas, elas perdem mais tempo na busca, o que reduz o tempo que dispõem para participar de atividades econômicas ou ir à escola, disse North. As mulheres também são as principais produtoras de alimentos, contribuindo com 70% da mão-de-obra agrícola na África subsaariana, por isso são particularmente afetadas pelo menor rendimento dos cultivos, acrescentou. “Os problemas de saúde associados à mudança climática – e que incluem aumento das doenças originadas da má qualidade da água e associadas com inundações – frequentemente fazem com que as mulheres e meninas tenham de assumir uma carga maior no lar, já que devem cuidar de seus familiares doentes”, disse.

June Zeitlin, ex-diretora executiva da Wedo, citou um estudo da Escola de Economia de Londres que analisou desastres em 141 países, fornecendo evidências decisivas quanto às diferenças de gênero nas mortes causadas por catástrofes naturais estão diretamente vinculadas com os direitos econômicos e sociais das mulheres. Isto é, que as desigualdades de gênero são enormes em situações de desastre. Quando as mulheres carecem de direitos básicos, morrem mais do que os homens nesses momentos.

O estudo concluiu que o oposto também é verdade: em sociedades onde homens e mulheres desfrutam dos mesmos direitos, os desastres naturais matam a mesma quantidade de cada gênero. Em entrevista à IPS, North disse que as pesquisas na África oriental sugerem que a maior pobreza está tendo sérias consequências sobre a educação das meninas. Essa região experimenta secas generalizadas que causam uma severa escassez de água e alimentos.

No Quênia, participantes do projeto Iniciativas sobre Gênero, Educação e Redução da Pobreza Mundial observaram que o aumento da pobreza associado com as secas afeta a presença nas escolas. Na vizinha Uganda, a crise alimentar relacionada com a mudança climática está vinculada com um aumento de casamentos precoces no caso das meninas, que são entregues aos seus maridos em troca de dinheiro. Estes “casamentos por fome”, como são chamados, fazem com que as meninas abandonem a escola e também as deixa vulneráveis a doenças sexualmente transmissíveis e a complicações reprodutivas.

Cate Owren, da Wedo, disse à IPS que sua organização está profundamente preocupada com o status político das negociações sobre mudança climática. “Não apoiamos que o Acordo de Copenhague sirva de base para as negociações deste ano”, afirmou. Esse documento, não vinculante, foi assinado no final da 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15), em dezembro na capital dinamarquesa.

De todo modo, “comemoramos os grandes avanços obtidos no curso dos últimos anos, durante os quais as questões de igualdade de gênero foram substancialmente integradas às negociações sobre a mudança climática”, acrescentou. Segundo Wedo, também aumentou a participação feminina nestes temas. Em Copenhague, as mulheres constituíram cerca de 30% das delegadas registradas por país, a maior porcentagem feminina de participação em uma reunião sobre mudança climática de que se tem notícia.

Stefan Wallin, ministro de Cultura e Esporte da Finlândia, disse, na semana passada, que seu país prioriza a participação tanto de mulheres quanto de homens nos processos de tomada de decisões sobre a mudança climática, embora afete mais as mulheres. Em dezembro, houve mobilizações feministas em torno da COP-15 para reclamar a inclusão de uma perspectiva de gênero no resultado.

Para que essas demandas sejam levadas a sério, deve-se garantir a participação das mulheres na negociação de políticas e estratégias para abordar os efeitos da mudança climática nos planos nacional e internacional, disse North. É crucial que esses programas nacionais considerem os impactos específicos da mudança climática sobre mulheres e meninas, e que também abordem as desigualdades de gênero subjacentes, que as tornam mais vulneráveis diante deste fenômeno, acrescentou.

Isto inclui tomar medidas para garantir que as mulheres possam participar da tomada de decisões e dos processos políticos que as afetam, abordar as desigualdades que enfrentam em matéria de emprego e cuidado com a infância, e realizar esforços para garantir um avanço real na igualdade de gênero relativa à educação. Segundo North, estes serão temas fundamentais nos debates que acontecerão na conferência organizada pela Iniciativa das Nações Unidas para a Educação das Meninas, em maio, no Dakar.

(Por Thalif Deen, IPS/TerraViva, Envolverde, 12/03/2010)


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