A disparada do preço do ouro na última década reacendeu o interesse pelas reservas gaúchas do metal precioso. Jazidas já conhecidas, antigos garimpos e novas áreas com potencial incrustadas na região geologicamente conhecida como Escudo Sul-Riograndense são alvo de um intenso trabalho de pesquisa para detectar pontos promissores, ampliar as reservas existentes e tornar rentável a exploração da riqueza que repousa no subsolo.
Dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), responsável pela concessão de alvarás para o estudo de áreas e fiscalização de empresas, atestam essa nova corrida do ouro com uma explosão de requerimentos de autorização para pesquisas nos municípios de Lavras do Sul, Caçapava do Sul, Vila Nova do Sul e São Sepé. Conforme o cadastro, chegam a 162 os processos ativos de prospecção, oito vezes mais do que apenas seis anos atrás.
Não é só ouro que reluz na região. Depósitos conhecidos de cobre e zinco voltam a despertar a atenção de uma lista de empresas que inclui gigantes do setor como Votorantim Metais e Anglo American e também podem dar um impulso para recolocar o Estado no mapa da mineração de metais básicos. A caça aos minérios se estende a outros municípios, como Encruzilhada do Sul, Santana da Boa Vista e Pinheiro Machado. Em Encruzilhada, até a Vale, por meio da discrição de uma controlada anônima, investigou a existência de minério de ferro.
Além da acelerada demanda da China, que puxou para cima a cotação dos metais, no caso do ouro, os preços tiveram forte escalada pela procura como reserva financeira depois do enfraquecimento do dólar, diz o presidente do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), Hecliton Santini.
Uma das pesquisas mais adiantadas é a da canadense Amarillo Mineração, em Lavras do Sul. Conforme o DNPM, uma das áreas tem reserva comprovada de 12 toneladas de ouro. O esforço é para elevar o depósito para pelo menos 20 toneladas, o que permitiria a abertura de uma mina. O gerente-geral da Amarillo, Luis Carlos Ferreira, não confirma os volumes, mas se mostra confiante nos resultados de Lavras do Sul:
– É promissor. Estamos tentando intensificar os estudos na região. O Rio Grande do Sul é um Estado que mostra potencial. Até hoje, as pesquisas estavam muito voltadas para Minas Gerais e o norte do país.
Mesmo demonstrando confiança, Ferreira ressalta que é preciso ter cautela e prefere não falar em prazos. Visão semelhante tem o geólogo Maurício Sampaio, da também canadense Iamgold, que prospecta em Lavras e Caçapava:
– Potencial, tem. Mas é preciso determinar as reservas e a viabilidade econômica.
(Por CAIO CIGANA, Zero Hora, 15/03/2010)