Uma sequência de fatos que tem continuidade nos próximos dias sinaliza para uma rápida recuperação do dito setor florestal – que abrange desde o plantio de árvores até a fabricação de papel, passando pela indústria de móveis, etc.
Este ramo foi, na sua ponta industrial, um dos mais atingidos pela quebra financeira internacional, que derrubou o consumo e os preços, inviabilizando muitos novos projetos que se embalavam na euforia pré-crise
No Brasil houve consequências mais graves, decorrentes de aplicações de risco. A crise dos derivativos levou de roldão a maior empresa brasileira – a Aracruz – e deixou avariada a outra gigante nacional a VCP, do grupo Votorantim.
No Rio Grande do Sul, onde três projetos constavam desde 2004 na lista dos maiores investimentos projetados para o Estado, foi um susto.
A Aracruz suspendeu a expansão da fábrica em Guaiba, onde pretendia quadruplicar a produção de celulose. A VCP também colocou em fogo brando seu projeto na zona Sul e a Stora Enso, premida por problemas adicionais decorrentes das zonas de fronteira, migrou seus planos para o Uruguai.
De repente,um bolo de 4,5 bilhões de dólares se esfarelou.
Além dos investimentos em terras, em plantios, em fomento, que foram suspensos, a nova situação semeou a insegurança entre milhares de proprietários que haviam aderido
à silvicultura e esperavam bons lucros com a venda garantida de suas florestas para as fábricas de celulose.
O novo quadro começou a se definir na segunda metade do ano passado quando a VCP absorveu os ativos da Aracruz, criando a Fibria e logo em seguida, em dezembro, decidiu vender a fábrica de Guaiba para o grupo chileno CPMC.
O preço que os chilenos pagaram (R$ 1,4 bilhões) já indica o interesse no projeto de expansão. Mas, por contrato, a CMPC só pretende ampliar a produção depois de 2015, mas isso pode mudar se o mercado esquentar.
Agora, surgem sinais de que isso já está ocorrendo. O principal deles é o preço da celulose no mercado internacional, que está superando os 800 dólares a tonelada, acima dos níveis que estava antes da crise.
“Quem plantou ou está plantando, não vai perder, vai ganhar”, prevê o agrônomo Floriano Isolan, silvicultor e consultor de projetos nessa área.
(JornalJÁ, 12/03/2010)