Cerca de 50 pessoas, representantes de 31 organizações locais, nacionais e internacionais, e povos indígenas, reuniram-se nos dias 03 e 04 de março em Altamira (PA) para discutir a conjuntura atual e a necessidade de coordenar esforços para a realização de ações conjuntas, voltadas a impedir a implantação da usina de Belo Monte, no rio Xingu (PA).
Durante o encontro, foram analisadas estratégias de luta e fortalecidas alianças e parcerias. Segundo os movimentos presentes na reunião, "num momento tão crítico, marcado pela concessão da licença prévia pelo Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis] no dia 01 de fevereiro de 2010, apesar de todas as irregularidades e ilegalidades do processo, a reunião trouxe motivação e esperança para as lideranças de Altamira e da Volta Grande do Xingu que estiveram presentes. A luta em defesa do Xingu está ganhando novos espaços, atores e vozes."
Homenagem
Nesta ocasião, ambientalistas, ribeirinhos, indígenas e representantes dos movimentos sociais prestaram uma homenagem ao ambientalista Glenn Switkes, da organização International Rivers, que lutou por mais de 30 anos em defesa dos rios da Amazônia e contra a implantação de barragens como a de Belo Monte no rio Xingu. A cerimônia, carregada de simbolismo e emoção, contou com a presença de Selma e Gabriel, esposa e filho do ambientalista, que, a bordo de voadeiras e rabetas, depositaram suas cinzas nas águas da Volta Grande do Xingu, reforçando a luta em defesa do rio, com a energia deixada por esse grande e imortal amigo dos povos do Xingu.
Repercussão internacional
A luta contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte e os impactos que poderão ser causados pelo empreendimento vêm sendo relatados não só em âmbito nacional. No último domingo (7), um dos jornais mais populares da Áustria publicou uma reportagem sobre o assunto.
Com o título "Barragem na floresta: um crime contra a natureza", o texto critica a empresa austríaca Andritz, interessada em participar do projeto, fornecendo máquinas para a construção da usina. "No rio Xingu, na Amazônia brasileira, deve ser construída a terceira maior barragem do mundo. 20 mil pessoas terão que fugir de suas terras, regiões gigantescas vão se tornar vítimas das escavadeiras, mais de 100 variedades de peixes estão ameaçadas de extinção. Mais uma vez a construtora austríaca Andritz quer participar de um projeto destrutivo", diz a reportagem.
Dom Erwin Krauler, bispo da Prelazia do Xingu e defensor histórico dos povos tradicionais e do meio ambiente, concedeu uma entrevista ao jornal. "Este projeto é um crime contra a natureza e contra o ser humano. A empresa Andritz não pode, de maneira alguma, participar disso", disse ele.
(Amazonia.org.br /EcoAgência, 10/03/2010)