Dados do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos do final da noite de ontem indicavam que o vento do ciclone sobre o mar na costa gaúcha havia se intensificado, levando o fenômeno ao estágio equivalente ao de tempestade tropical. Mais cedo, o centro já caracterizava o fenômeno com os códigos Invest 90Q pela Marinha dos EUA e Invest90L. Segundo o meteorologista Eugenio Hackbart, da MetSul, um ciclone recebe a designação de Invest sempre que possui o potencial de evoluir para o estágio de tropical (depressão tropical, tempestade tropical ou furacão). Desde 2006, um ciclone não era chamado dessa forma na costa brasileira.
"Houve a formação de um ''olho'' na tempestade sobre o mar, o que é característico de sistemas tropicais", destacou o meteorologista Luiz Fernando Nachtigall. Conforme ele, o centro do ciclone estava na noite de terça-feira entre 150 e 200 quilômetros a Leste de Torres, oscilando ora para o Sul, ora para o Norte, mas com trajetória para Oeste, em direção ao litoral.
Ainda segundo Nachtigall, projeções computadorizadas indicavam que hoje o centro do ciclone poderia estar exatamente sobre a costa ou a 100 quilômetros da faixa litorânea sobre o mar, próximo do Litoral Norte.
Boletim do meteorologista Michael Davison, publicado no site do NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera), órgão oficial de Meteorologia dos EUA, terminava dizendo "planejem-se para o pior", advertindo para vento de até 70 km/h na costa e chuva muito intensa. A MetSul é mais comedida e informava que o cenário não se comparava ontem ao Catarina, furacão que arrasou parte da região costeira em 2004. Para a empresa, entretanto, o quadro é de alto risco, com perigo maior de transtornos por chuva intensa do que vento. As rajadas devem chegar na costa entre 50 e 80 km/h.
(Correio do Povo, 10/03/2010)