A Fundação Zoobotânica do RS, através do Museu de Ciências Naturais, começou, na primeira semana de março, a avaliação de áreas com diferentes tipos de cultivo de arroz, visando a implantação de sistemas de monitoramento para melhoria de processos de gestão ambiental, social e econômica. Este projeto, que faz parte do Programa "Mejoras ambientales en zonas arroceras del Cono Sur Sudamericano, Paraguay, Argentina, Uruguay y Brasil: gestion participativa de productores y comunidades para la conservacion de humedales y pastizales", é o resultado de acordo estabelecido entre a Fundação Zoobotânica do RS e a SAVE Brasil.
Segundo a coordenadora, pela FZB/RS, Bióloga Luiza Chomenko, “o Projeto visa criar uma base de atividades, na região do pampa no Rio Grande do Sul, que conduza a uma melhora dos processos de ampliação de parcerias e gestão ambiental em áreas de cultivo de arroz”.
Este Projeto deverá estar integrado a ações de outros países, conduzindo a processos de desenvolvimento ambiental, social, cultural e economicamente sustentáveis, favorecendo, assim, a conservação de” pastizales” (campos), e áreas úmidas.
As ações prevêem, inicialmente, a identificação de duas propriedades que servirão de base para o projeto piloto, permitindo a definição de distintos sistemas de cultivos e uma caracterização básica com enfoques agronômicos, socioeconômicos e ambientais.
Para o sucesso do Projeto será necessário promover o intercâmbio das experiências, buscando desenvolver mecanismos que propiciem a ampliação de parcerias e estratégias, e envolvam os distintos países participantes.
É importante que os resultados alcançados melhorem a gestão dos processos produtivos, com a implantação de novas formas de cultivos, que promovam a eficiência de consumo dos recursos naturais, redução do uso de insumos químicos, assim como a conservação dos ecossistemas naturais, em vista dos novos cenários mundiais relacionados com as mudanças climáticas.
A partir da introdução do tema, em novos grupos de produtores rurais que venham a se integrar às atividades, “será possível o fortalecimento da cooperação multisetorial em relação ao tema arroz / conservação de ecossistemas naturais / pastizales e a coordenação da Alianza del Pastizal ”, enfatiza Chomenko. Pelas necessidades de adequação do Projeto às safras agrícolas de arroz do Rio Grande do Sul, as atividades estão sendo planejadas e desenvolvidas com periodicidade bimestral, com saídas a campo em distintos períodos, em que são utilizados métodos de irrigação por inundação. Neste sentido ocorreu, recentemente, uma campanha em áreas com lavouras inundadas, no município de Sentinela do Sul, com nova saída no segundo semestre, durante o período de pré-irrigação.
Estão previstas atividades em campo, em laboratórios e gabinetes, buscando identificar elementos da biodiversidade encontrados nos diferentes locais, relacionando estas informações com outras que tenham interface direta - paisagens, usos da terra (inclusive com ênfase nos distintos tipos de cultivos, cultivares, manejos, outros), e dados socioeconômicos.
Com os resultados obtidos serão criadas condições para a elaboração e implantação de estratégias e ações futuras, de médio e longo prazos, que, compatibilizados com a presença de arrozais, favoreçam à conservação de ambientes de grande valor ambiental (banhados, áreas úmidas e pastizales).
Para que possibilitem trabalhos integrados entre produtores, pesquisadores, ambientalistas, técnicos e administradores, todas as ações deverão envolver as instituições componentes da ALIANZA DE PASTIZAL e países da comunidade européia.
Também participarão do Programa representantes da Birdlife Internacional no Paraguai (Guyra Paraguay), Uruguai (Aves Uruguay) e Argentina (Aves Argentinas), com financiamento da El FARO, da Espanha. Compõe, ainda, o grupo de trabalho representantes do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuaria de Argentina, Sindicato Rural de Itaquí (Brasil), Wetlands International (Sudamérica), PROBIDES (Uruguay), GRUPAMA y la Asociación de Cultivadores de Arroz de Uruguay.
(Sema, 09/03/2010)