Jakarta está localizada em uma região cortada por treze rios diferentes, que abastecem a população local. O grande problema é que com o crescimento da cidade, os flúmens foram poluídos e as enchentes causam cada vez mais estragos nas favelas construídas ao longo dos leitos.
Para amenizar esses dois problemas e ainda fornecer um espaço para moradia da população de baixa renda, um grupo de arquitetos criou o Ciliwung Recovery Project (CRP). Ele foi projetado para utilizar um sistema integrado de filtragem que irá purificar as água do maior rio da região.
A estrutura do prédio é feita a partir de uma coluna de tubos que transportam a água do rio ao longo das três etapas de purificação e depois a leva de volta ao seu fluxo natural.
Na primeira etapa da limpeza, a água sobe pelos tubos por meio de uma ação capilar, fazendo com que parte do lixo seja separada naturalmente. Esse material seguirá para reciclagem ou compostagem, a depender do tipo.
Depois a água é filtrada para eliminar resíduos tóxicos e contaminantes, e segue de volta para o rio. A água utilizada no próprio prédio também será coletada, tratada e filtrada antes de ser despejada no rio. Já os resíduos domésticos serão transformados em adubo para utilização no leito.
Para tornar o novo ecossistema ainda mais equilibrado, as favelas ao longo do rio serão removidas e os moradores serão relocados no próprio prédio, em unidades de habitação de baixa renda. Assim, além de fornecer moradia adequado à essas pessoas, a área que elas ocupavam poderá ser reflorestada.
A construção ainda será abastecida por turbinas eólicas e por placas solares instaladas no telhado e toda a estrutura será coberta com vegetação natural. Para economizar energia, os elevadores do prédio serão movidos por um sistema baseado no Princípio de Arquimedes, que utiliza a relação entre gravidade e empuxo da água para movimentar os corpos.
Graças ao seu conceito inovador, design e benefícios ecológicos, o CRP recebeu o prêmio de segundo colocado na eVolo Skyscraper Competition 2010. A competição tem o objetivo de “examinar a relação entre o arranha-céu e o mundo natural, a comunidade e a vida urbana. (…) Incentivar a imaginação para redefinir o termo ‘arranha-céus’ por meio do uso de novos materiais, tecnologias, estéticas, programas e novas organizações espaciais”.
(Arquitetura e EcoDesign, 09/03/2010)