O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em parceria com a empresa Ecoete Tecnologia de Preservação Ambiental, está investindo em pesquisas para o tratamento do esgoto doméstico e industrial tendo como base métodos naturais e ecologicamente corretos. O experimento do esgoto ecológico é composto por duas estações de tratamento e está implantado há três meses. Ele purifica a água oriunda de um conjunto residencial próximo ao campus V-8 do Inpa usando o solo e plantas.
Uma das estações contém três módulos que absorvem a água contaminada. Cada uma tem cerca de 4 metros quadrados. No primeiro deles, é filtrado mais de 80% dos efluentes, em curso normal; no segundo os 20% e o terceiro serve para comportar o excedente, quando o nível de água aumenta. O processo também inclui várias perfurações no solo. Os buracos, de 25 centímetros de diâmetro, atingem 3 metros de profundidade.
A terra também é afofada para aumentar sua permeabilidade sendo coberta por uma camada de seixo que facilita a aeração (processo que permite a oxidação do material orgânico, fazendo com que os microorganismos trabalhem com mais eficiência, utilizando esses nutrientes como alimento e liberando CO2). Nessas condições, a água é absorvida no solo, chegando limpa ao lençol freático.
Plantas que purificam
As plantas também têm importante função no processo de purificação da água. Os estudos são realizados com dois tipos de vegetais: Munguba (Bombacaceae e Pseudobombax) e Canarana (tipo de gramínea da região amazônica com grande potencial para consumo em esgoto). Também será verificada a capacidade da planta Matapasto (Senna obtusifolia), para a absorção de efluentes.
"Além de purificar o ambiente, a planta diminui a quantidade de água infiltrada no solo. A Canarana, por exemplo, precisa de nutrientes para crescer, então, retira esses nutrientes que vem da água pelo processo de evapotranspiração, joga água limpa em forma de vapor na atmosfera", ressalta Luiz Antonio de Oliveira, pesquisador do Inpa e um dos coordenadores do projeto.
O diferencial desse projeto, segundo Antonio Bento Neto, diretor técnico da Ecoete e também coordenador do estudo, é reduzir a quantidade de água suja no igarapé. Outro ponto que ele ressalta é o custo desse sistema, que chega a ser 40% inferior ao convencional. Outra característica é o tempo de implantação, que dura aproximadamente um mês.
O experimento recebe financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa Amazonas de Apoio à Pesquisa em Micro e Pequenas Empresas (Pappe). Para o projeto foram destinados cerca de R$ 111 mil, dos quais R$ 66,70 mil já foram liberados.
(Inpa/EcoAgência, 05/03/2010)