Uma Audiência Pública realizada na Câmara de Fortaleza (CMF), capital do Ceará, abriu espaço para o polêmico debate sobre a construção de um estaleiro na praia do Titanzinho, localizada no bairro Serviluz. O mesmo tema foi discutido na tarde de hoje em nova Audiência Pública realizada no Plenário 13 de Maio da Assembléia Legislativa.

Moradores do Titanzinho organizaram uma caravana e seguiram para a Câmara, onde participaram ativamente das discussões, sempre deixando evidente o posicionamento contrário à implantação do empreendimento. "Grande parte da população que pode ser afetada pelo estaleiro compareceu à audiência, se inscreveu na tribuna e deixou claro que é contra este projeto do Governo", afirmou Pedro Paulo Fernandes, morador do bairro Serviluz.

Os defensores e simpatizantes do projeto do Estaleiro Promar Ceará, mesmo sendo minoria, também estiveram presentes na Câmara vestidos com uma blusa em que se podia ler "Sim para o Estaleiro". Segundo Pedro Paulo, os que são a favor do projeto residem no Serviluz, mas em áreas não muito próximas ao Titanzinho."Essa parte da população não iria sentir muito os impactos porque o Serviluz é grande e eles moram em uma área mais afastada da praia. Também sobre essa questão, recebemos denúncias de que as pessoas que se manifestaram a favor do estaleiro receberam dinheiro de um deputado para isso", denuncia.

Os moradores que podem ser afetados pelo projeto se reunirão amanhã (5) para definir novos encaminhamentos e mobilizações. Enquanto isso, estão aproveitando todos os espaços para cobrar do Governo do Estado esclarecimentos sobre o projeto, já que até o momento não houve informações precisas sobre o tamanho da área que será aterrada ou sobre os impactos ambientais que serão gerados.

Ano passado, durante as discussões sobre o Plano Diretor de Fortaleza, a população do Serviluz, em debate com a Prefeitura ,conseguiu que o Titanzinho fosse definido como Zona Especial de Interesse Social (Zeis). O instrumento tem como finalidade estabelecer padrões urbanísticos próprios para cada localidade, respeitando suas características. A adoção da medida trouxe expectativas de melhorias para o bairro.

Em decorrência também do Plano Diretor da cidade, a área do Titanzinho foi classificada como Zona de Proteção Ambiental, fato que exclui a possibilidade de receber edificações. Mesmo com todos os impedimentos legais o Governo alega que a construção do empreendimento geraria centenas de empregos diretos e indiretos para os fortalezenses e, sobretudo, para os moradores da região.

O posicionamento da Prefeitura também é contrário ao estaleiro. Em diversas entrevistas a meios de comunicação locais a prefeita Luizianne Lins deixou claro que é contra a instalação do estaleiro na praia do Titanzinho. Em contrapartida, o projeto da prefeitura para a mesma região visa urbanizar e revitalizar o Titanzinho para o incentivo e potencialização do turismo. No entanto, o Projeto Orla está no papel desde 2005 e só veio à tona com a possibilidade de construção do estaleiro.

Os debates de hoje na Assembléia Legislativa tiveram a participação das comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido, de Indústria, Comércio, Turismo e Serviços, além da Comissão de Viação, Transporte, Desenvolvimento Urbano e Interior. A intenção de abertura de novos espaços para debate é que se continue a discutir incansavelmente os benefícios e malefícios que a construção do estaleiro poderá causar, sobretudo para a população do Titanzinho.

(Por Natasha Pitts, Adital, 05/03/2010)