A reconstrução do Chile após o terremoto e a tsunami ocorridos no sábado, levará pelo menos três anos. A estimativa foi feita ontem pela presidente Michelle Bachelet. Segundo ela, o país precisará de ajuda internacional. "Há áreas rurais onde tudo foi para o chão. A infraestrutura foi destruída. Milhares de chilenos perderam não apenas suas pessoas queridas, mas casas e pertences, e algumas empresas sofreram perdas significativas", disse. Segundo o último relatório do Escritório Nacional de Emergência, 802 pessoas morreram na madrugada de sábado. As autoridades não divulgaram o número de desaparecidos. Os danos às casas nas duas regiões mais afetadas atingem quase 2 milhões de pessoas.
Ontem, Bachelet esteve nas cidades de Talca e Concepción, duas das mais devastadas, para acompanhar a distribuição de ajuda humanitária. O governo vem sendo criticado pela demora na entrega dos mantimentos. Bachelet caminhou entre voluntários que preparavam cestas básicas para entregar à população e reiterou que "os alimentos estão chegando e as comunicações são restabelecidas. "Estamos trabalhando para que se normalizem todos os serviços básicos à população", disse.
Com a retomada parcial do fornecimento de água e luz e a abertura de bancos, postos de gasolina e comércio, a vida começa a voltar a normalidade nas duas localidades. Há maior tranquilidade à noite em razão do toque de recolher imposto desde domingo para conter saques. Em Concepción, foram detidas 50 pessoas na quarta-feira que não respeitarem a norma.
A presidente reiterou que não recusou ajuda externa, como foi dito no exterior e esclareceu que solicitou a ajuda oferecida pelos países estrangeiros quando foi feita avaliação das necessidades. "O Chile tem recursos para uma quantidade de ações, mas vamos ter de pedir crédito ao Banco Mundial (Bird) e outras instituições", afirmou a presidente, que completou não ser possível dimensionar o valor dos danos provocados pelo terremoto e o tsunami. A presidente disse que no domingo reuniu-se com o presidente eleito Sebastián Piñera, que assume em uma semana, para coordenar a transição e para que as novas autoridades fiquem cientes da dimensão da catástrofe e das medidas tomadas.
(Correio do Povo, 04/03/2010)