A tragédia no Chile deve repercutir diretamente nos mercados da celulose em todo mundo. Com a interrupção na produção do 10º maior exportador da commodity, as indústrias brasileiras devem suprir a demanda da matéria-prima no mercado, entre elas a ex-Aracruz Celulose (Fibria). O momento da celulose é positivo: foram três reajustes no preço apenas neste ano.
De acordo com reportagem do jornal “Valor Econômico”, a tendência nos mercados é de alta no preço da celulose, em função da suspensão das atividades nas chilenas Arauco e CMPC – que recentemente adquiriu o parque industrial Guaíba da Fibria.
Principal mercado para a celulose chilena, a China é vista como a "bola da vez" pela indústria global da commodity. A explicação de fontes do mercado é que a implantação de novas máquinas de papel no País, a substituição de outras fibras pela que é obtida a partir do eucalipto e o fechamento de fábricas poluentes, geraram necessidade crescente de compra do insumo pelos chineses no mercado internacional.
Essa tendência mundial deve refletir diretamente na vida dos capixabas, com o aumento da produção da ex-Aracruz. Vinda de recentes problemas no fechamento do acordo coletivo com seus funcionários, a companhia deve trabalhar para esgotar a capacidade de produção de seu parque industrial. Após acumular um prejuízo bilionário por conta de derivativos cambais “tóxicos”, os resultados da antiga Aracruz Celulose mostram uma melhora no aspecto operacional.
No início da semana, a Fibria anunciou que acumulou prejuízo de “apenas” R$ 150 milhões no ano passado. O resultado é muito superior ao apurado em 2008 (prejuízo de R$ 968 milhões), cujo terceiro quadrimestre foi considerado como o auge da crise financeira internacional e, consequentemente, da companhia.
A reação no quarto trimestre de 2009 também é clara: a receita líquida (R$ 1,7 bilhão) teve alta de 7% em relação ao mesmo período de 2008. "As vendas de celulose foram recordes, com destaque para a recuperação das exportações para a Europa e a América do Norte", observou a empresa em nota lançada ao mercado.
(Por Nerter Samora, Século Diário, 04/03/2010)