Na estrada que sai de Constitución, que sofreu o maior impacto da tsunami que atingiu o Chile, no sábado passado, pequenos grupos de pessoas acenam com pedaços de papelão, onde se lê: "precisamos de comida, precisamos de água". "Temos medo de voltar lá, sentimos o mau cheiro dos cadáveres e as pessoas dizem que há risco de infecção", contou Bernarda Loyola, que fugiu para as colinas de pinheiros sobre o popular balneário, quando sua loja de suvenires foi arrastada por ondas gigantes.
Famosa por suas praias e frutos do mar, a região contabiliza centenas de mortos ou desaparecidos, onde especialistas na investigação de crimes procuram por corpos na água que invadiu um local que antes era área de veraneio.
O cartaz que dá boas-vindas aos turistas de Constitución reflete a descontração que reinava no local, com guarda-sóis, barcos e o sol, mas no necrotério, uma lista de mortos revela a transformação. O chefe do Exército na área de emergência, general Bosco Pesse, disse que a medida que avançarem os trabalhos, o número de mortos pode chegar a mil. Quando o tsunami atingiu a costa, restaurantes e bares estavam lotados. Era o penúltimo dia de férias e multidões foram à praia assistir aos fogos de artifício.
A Marinha do Chile somente informou quatro horas depois do terremoto sobre o risco de tsunami. Meia hora depois, vários povoados já sofriam com as ondas gigantes. A informação errônea dava a entender que a tsunami estava descartada.
(Correio do Povo, 03/03/2010)