Nos últimos anos vem crescendo o índice de contaminação por mercúrio do atum e de outras espécies oceânicas, o que pode significar um novo risco à saúde pública, em razão do consumo de peixe contaminado. A questão principal, até agora, era identificar a fonte da contaminação.
Um novo estudo [Stable Isotope (N, C, Hg) Study of Methylmercury Sources and Trophic Transfer in the Northern Gulf of Mexico] publicado na revista Environmental Science & Technology utilizou as assinaturas químicas de nitrogênio, carbono e mercúrio tentar encontrar uma resposta. O trabalho também abre caminho para novos meios de controle das fontes de intoxicação por mercúrio em pessoas.
O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Michigan, Harvard School of Public Health, da Universidade da Louisiana Marine Consortium e do Instituto Nacional de Pesquisas em Nutrição e Frutos do Mar da Noruega.
O mercúrio é um elemento que ocorre naturalmente na natureza, mas, a ação humana, incorpora, a cada ano, mais de 2.000 toneladas, a partir de usinas termelétricas a carvão, incineradores industriais e industrialização cloro. Depositado no solo ou na água, o mercúrio é, através de microorganismos, convertido em metilmercúrio, uma forma altamente tóxica que se acumula nos peixes e os animais e, por consequência, nas pessoas que deles se alimentam.
Nos EUA o consumo de peixes costeiros e mariscos compõem as principais fontes de contaminação de pessoas, cujos efeitos sobre a saúde incluem danos ao sistema nervoso central, coração e sistema imunológico, As crianças e nascituros são especialmente vulneráveis a problemas de desenvolvimento.
No estudo atual, os pesquisadores identificaram que o atum e outros peixes do oceano aberto são contaminados, principalmente, a partir da cadeia alimentar, iniciada nos peixes costeiros, de águas rasas, diretamente expostos às principais fontes de contaminação.
Outros estudos já demonstraram que as zonas costeiras sofrem uma crescente contaminação por mercúrio e, se o processo mantiver a curva de crescimento, é plausível supor que a contaminação dos peixes oceânicos também será crescente. E, por consequência, maior risco à saúde pública.
O artigo apenas está disponível, em acesso integral, aos assinantes da revista Environmental Science & Technology, razão pela qual transcrevemos, abaixo, o abstract.
Stable Isotope (N, C, Hg) Study of Methylmercury Sources and Trophic Transfer in the Northern Gulf of Mexico
David B. Senn*†, Edward J. Chesney‡, Joel D. Blum§, Michael S. Bank†, Amund Maage† and James P. Shine†
Department of Environmental Health, Harvard School of Public Health, Boston, Massachusetts 02115, Louisiana Universities Marine Consortium, Chauvin, Louisiana 70344, Biogeochemistry and Environmental Isotope Laboratory, Department of Geological Sciences. University of Michigan, Ann Arbor, Michigan 48109, and National Institute of Nutrition and Seafood Research, P.O. Box 2029, Nordnes 5817 Bergen, Norway
Environ. Sci. Technol., 2010, 44 (5), pp 1630–1637
DOI: 10.1021/es902361j
Publication Date (Web): January 27, 2010
Copyright © 2010 American Chemical Society
* Corresponding author e-mail: dbsenn@alum.mit.edu., †
Harvard School of Public Health. , ‡
Louisiana Universities Marine Consortium. , §
University of Michigan. ,
National Institute of Nutrition and Seafood Research. ,
Current address: Institute of Biogeochemistry and Pollutant Dynamics, ETH-Zrich, 8092 Zrich, Switzerland.
Abstract
We combined N, C, and Hg stable isotope measurements to identify the most important factors that influence MeHg accumulation in fish from the northern Gulf of Mexico (nGOM), and to determine if coastal species residing in the Mississippi River (MR) plume and migratory oceanic species derive their MeHg from the same, or different, sources. In six coastal species and two oceanic species (blackfin and yellowfin tuna), trophic position as measured by δ15N explained most of the variance in log[MeHg] (r2 0.8), but coastal species and tuna fell along distinct, nearly parallel lines with significantly different intercepts. The tuna also had significantly higher δ202Hg (0.2−0.5‰) and Δ201Hg (1.5‰) than the coastal fish (δ202Hg = 0 to −1.0‰; Δ201Hg 0.4‰). The observations can be best explained by largely disconnected food webs rooted in different baseline δ15N signatures (MR-plume vs oceanic) and isotopically distinct MeHg sources, with oceanic MeHg having undergone substantial photodegradation (50%) before entering the base of the food web. Given the MR’s large, productive footprint in the nGOM and the potential for exporting prey and MeHg to the adjacent oligotrophic GOM, the disconnected food webs and different MeHg sources are consistent with recent evidence in other systems of important oceanic MeHg sources.
(Por Henrique Cortez, EcoDebate, com informações de Nancy Ross-Flanigan, University of Michigan, 03/03/2010)