A Secretaria estadual do Meio Ambiente descartou, nesta terça-feira (2), o fechamento da comporta do Jardim do Alah, na Zona Sul do Rio, como a causa da mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas. Segundo a Secretaria, o resultado da análise da água deve sair até segunda-feira (8).
Em quatro dias, foram recolhidos quase 87 toneladas de peixes mortos da Lagoa. Nesta terça-feira, o cenário parecia ter voltado ao normal. O Ministério Público já convocou uma reunião para o próximo dia 11, para cobrar explicações sobre o caso.
A Secretaria estadual de Meio Ambiente trabalhou, ainda, com a hipótese de que toxinas liberadas por nanoalgas seriam as responsáveis pela mortandade. Especialista em algas, a ficologista da UFRJ Mariângela Meneses, afirmou que os peixes morreram por asfixia. No entanto, o problema não foi causado pela falta de oxigênio.
“Os peixes não morreram por falta de oxigênio. Existe oxigênio tanto na superfície quanto no depósito. Os peixes morreram por asfixia, que aí sim pode ter sido causado por alguma toxina liberada por alguma alga ou outros fatores”, explicou a especialista.
Os estudos da ficologista indicam que haja cerca de 400 mil microorganismos, como as algas, habitando a Lagoa Rodrigo de Freitas. Segundo Mariângela, causas naturais como chuva, elevação da temperatura da água, além do esgoto contribuem para a proliferação das algas.
Programa de renovação da Lagoa
A Secretária Marilene Ramos afirmou que o problema da mortandade dos peixes vai ser solucionado com o projeto de recuperação e renovação permanente da Lagoa. O programa, no entanto, ainda está em fase de licenciamento e sem previsão para começar.
Segundo Marilene, o projeto tem como objetivo construir dutos e bóias de monitoramento contínuo por 24 horas, que podem prevenir desequilíbrios ecológicos como o ocorrido na última sexta-feira, que resultou na morte de 86,8 toneladas de peixes. O projeto de recuperação é da Prefeitura do Rio, do governo do estado e da empresa privada EBX.
Outras alternativas para evitar o problema seria, de acordo com a secretária, retirar o estoque de peixe quando ele estiver muito alto para evitar a superpopulação e tratar a lagoa com produtos químicos, o que representaria um custo de até R$ 10 milhões por aplicação da substância.
Comlurb finaliza primeira etapa de operação
A Comlurb informou na segunda-feira (1º) que foram removidas 86,8 toneladas de peixes mortos da Lagoa Rodrigo de Freitas, concluindo a primeira etapa da operação de emergência. O trabalho começou às 7h da última sexta-feira (26). No domingo (28), para acelerar os serviços e evitar que os peixes mortos chegassem às praias, a companhia instalou duas telas, uma na entrada do Jardim de Alah e outra na ponte do Clube Caiçaras, localizado no entorno da Lagoa.
De acordo com a Comlurb, os garis fazem agora um acabamento, com a retirada de pequenas quantidades de peixes mortos em alguns pontos da orla e do manguezal, além da limpeza das margens e lavagem das pistas da ciclovia. No entorno da Lagoa, os trabalhadores da companhia chegaram a aplicar no domingo uma essência de eucalipto com detergente para inibir o mau cheiro no local.
(G1, 03/03/2010)