Se houvesse boa vontade por parte da Corsan, Santa Cruz do Sul poderia ganhar dois ou três anos na solução dos problemas de abastecimento. A avaliação é do vereador Hildo Ney Caspary (PP), que vai propor à companhia a retomada do projeto elaborado pela Magna Engenharia há mais de 20 anos.
Em 1989, quando da renovação do contrato da Prefeitura com a Corsan, para o tratamento e a distribuição de água, a Magna elaborou um amplo projeto para o setor, a pedido da estatal. Ele incluía, dentre outras medidas, a implantação de uma segunda Estação de Tratamento de Água (ETA), o que não foi feito. Outras propostas também não foram implementadas. “E é por isso que a comunidade está enfrentando mais um verão com falta de água”, avaliou o vereador.
Agora, a Prefeitura pretende elaborar o Plano Municipal de Saneamento e, partir dele, abrir licitação para o serviço. Sete empresas se habilitaram, sendo que algumas, no entender do pepista, não têm experiência na área. O município estima que o trabalho custe em torno de R$ 135 mil. Caspary, que é engenheiro, avalia que, com esse montante, a empresa escolhida não terá condições de apresentar um trabalho amplo e profundo. “A Corsan tem o estudo pronto e, no mínimo, deveria ter se habilitado a apresentar um plano para o setor.”
Ressaltou que vai propor uma reunião com a Corsan, para que essa apresente o trabalho da Magna. Disse que a companhia explora o serviço há quatro décadas e que tem responsabilidade com Santa Cruz. “Se ela não teve competência para executar a proposta da Magna, que ao menos disponibilize esses dados para a Prefeitura.”
Lembrou que a Magna é uma das empresas mais respeitadas, em nível nacional, no setor de água e esgoto. Para ele, se Santa Cruz conseguisse executar o projeto, poderia antecipar, em dois ou três anos, a solução dos principais problemas enfrentados pela comunidade. “Entendo que a Corsan tem a obrigação de ser parceira da Prefeitura na busca de soluções.”
Falha
O representante do PP disse que não consegue entender a política administrativa da Corsan, que arrecada em torno de R$ 2 milhões por mês em Santa Cruz e não consegue apresentar um serviço satisfatório. “Ela ganha a matéria-prima de graça, tem clientes pedindo sua mercadoria, tem a cobrança garantida e, mesmo assim, não presta um serviço de qualidade.”
Caspary considerou uma falha grave da Corsan não ter apresentado o projeto da Magna para a Prefeitura. “Ela está sendo omissa. Mas ainda há tempo para o entendimento.”
(Por José Augusto Borowsky, Gazeta do Sul, 03/03/2010)