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extinção de espécies
2010-03-03 | Tatianaf

O Ministério do Meio Ambiente, pelo Ibama, ainda no tempo da ministra Marina Silva e depois de exaustivos estudos e pesquisas, apurou que 1.472 espécies vivas da flora e da fauna no Brasil estão ameaçadas de extinção. No entanto, foi oficialmente divulgado que o número era de apenas 472 espécies. Esse informe falso foi proveniente de pressão da Presidência, alegando que aquele número iria refletir negativamente para o Brasil nos órgãos internacionais.

Mas essa tragédia não se restringe apenas às nossas fronteiras. O número de espécies ameaçadas de extinção no planeta é realmente ignorado. Conhece-se, no entanto, que as já extintas, só no mês de janeiro de 2010, totalizam mais de 1.600. O mundo todo – cantinho por cantinho, na terra e no mar – é habitado, visitado e vasculhado pelo animal humano, o maior e mais eficiente inimigo gratuito da Vida e que conta em seu arsenal com um ferramental extremamente sofisticado, potencializante do poder de destruição. A causa primordial dessa insensatez é o antropocentrismo que comanda nossa vida mental e sempre dá razão ao próprio.

É um tipo radical de egoísmo que chama para sua espécie toda a exclusividade, não levando em consideração que essa orientação é altamente contraproducente para o todo. Esse tipo de presunção, alojado no subconsciente, é tão forte que nos leva até a construir argumentações inconsistentes parecendo serem justas. E procuramos legitimar nossos julgamentos com a justificativa da ética, esse instrumento social cego e hipócrita que procura esconder procedimentos injustos e ecologicamente inadequados.

Meio ambiente é um conjunto equilibrado de condições de vivência para todos os seres que compõem a biodiversidade. O animal humano é apenas um desses personagens. A quantidade de humanos no mundo se tornou tão grande que já não pode ser designada como parte da família viva. Agora eles se tornaram praga ambiental. O que é praga? É uma situação anômala na qual uma espécie animal ou vegetal aumenta sua população de tal modo que passa a ser prejudicial ao meio vivente, desequilibrando o habitat. Impede, dessa forma, que os outros componentes tenham condições mínimas de sobrevivência. Precisamos nos conscientizar de que o mundo é pequeno para tão grande população humana; ou de que o mundo é grande, mas a população humana é maior.

As ações humanas prejudiciais à ecologia, que redundam em extinção de espécies inocentes, têm origem em diversos tipos de irracionalidade. Matar seres de outras espécies pelo simples prazer de matar. Eufemisticamente, chamam a isso de esporte. Matar animais para atender a crenças infundadas, calcadas apenas na ignorância ou não uso do razão. Aprisionar animais para finalidades absurdas, como estimação, prazer de posse, escravidão ou serventia, coleção, comercialização, exibições. Apossar-se do hábitat da flora e fauna, destruindo os recursos naturais de sobrevivência dos seus representantes.

Industrialização e comércio dos subprodutos retirados dos cadáveres dessas vítimas indefesas e inocentes. Citamos a seguir alguns exemplos de como se processam esses crimes ambientais:
a – na luta de sumô, no Japão (Japão, país tido como civilizado!), os contendores, para ter êxito no tablado, bebem sangue de tartaruga preta, degolada minutos antes dos enfrentamentos;
b – relatório recente do Centro Nacional de Pesquisas e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP) informa que a “onça-pintada da caatinga nordestina, estimada em 356 (!?) exemplares, está próxima de desaparecer (serem assassinadas) dentro de 3 anos, por perda do seu hábitat.” (Não há perda de hábitat. Há é ocupação e destruição do seu hábitat pela construção do progresso em atendimento aos interesses antropocêntricos).
C – o almiscareiro, simpático animal ruminante da família dos cervídeos, é intensamente perseguido e assassinado para extração de uma glândula odorífera que possui, chamada de almíscar, usada na fixação de perfumes que vão satisfazer as vaidades femininas.

Houve épocas em que, por motivo de desastres naturais, diversas espécies foram extintas. Isso é um fato não intencional, efeito de ajustes geológicos e ocorrências cósmicas. Mas o que se presencia atualmente, com o excesso de humanos e aceleração de suas ações no objetivo sagrado do lucro, é um procedimento inteiramente irracional contrariante ao que a própria razão indica.

Não, efetivamente não está havendo perigo de extinção das espécies. Elas não estão ameaçadas. O processo de morte delas está em curso há bastante tempo, em cumprimento à sentença proferida pelo progresso materialista e insano. Elas estão sendo efetivamente extintas. Isso diz tudo? Não. Isso é só uma dissimulação para dizer sem dizer, encobrindo o bandido da história. As espécies não estão ameaçadas de extinção. Elas estão sendo assassinadas pelo homem. Essa frase é a verdadeira; indica e traduz fielmente o verdadeiro acontecimento. Aponta a ação e o culpado. E esse processo de destruição – que é chamado de progresso – é dinâmico; não cessa nem diminui. Ao contrário. Acelera-se cada vez mais, enquanto toda a humanidade, insaciável, fica rezando contritamente em prol do antropocentrismo. Injustiça! Por que consideramos crime o genocídio (julgamento antropocentrista) e ignoramos inteiramente as ações de extermínio do ecossistema?

Segundo os informes científicos, existem ou existiam aproximadamente dois milhões de variedades na área da flora e da fauna. Por ação humana, uma espécie a cada hora é assassinada. Até quando, ó Catilina!?

“Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista, colaborador e articulista do EcoDebate, residente em Belo Horizonte(MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade.

(EcoDebate, 02/03/2010)


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