O trabalho de prevenção contra a doença é feito durante todo o ano, mesmo que não sejam registrados casos ou focos do mosquito Aedes aegypti. Em Caxias do Sul, há 695 armadilhas e 375 pontos estratégicos monitorados permanentemente para avaliar a presença de larvas do inseto. No total, foram registrados seis casos da doença este ano, mas todos os pacientes contraíram dengue em viagens a outros Estados. O mais importante para prevenção é a população colaborar, não deixando pontos com água parada em seus terrenos
Caxias do Sul – Enquanto os casos de dengue avançam pelo Estado, Caxias está preparada para evitar que a doença chegue também na Serra. Somente em Ijuí, no Norte do Estado, foram registrados 519 notificações de dengue entre 22 de fevereiro e o domingo passado. Por enquanto, em Caxias foram confirmados seis casos este ano, mas todos são de pessoas que viajaram para outros Estados. Para combater a doença, é importante a participação de toda a população. Medidas simples, como manter seu terreno sem locais propícios ao acúmulo de água, são de grande valia na luta contra o mosquito transmissor da dengue.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) tem um trabalho de monitoramento durante todo o ano para detectar possíveis focos de larvas do mosquito Aedes aegypti. Em inúmeras ruas da cidade existem 695 armadilhas, que são pneus cortados com água limpa. Deles, semanalmente, são coletadas amostras de larvas para análise, feita em Caxias mesmo. Depois de retirar a amostra, os técnicos escovam o pneu e colocam novamente água limpa. Ainda há outras dessas estruturas em 375 pontos estratégicos, como oficinas mecânicas, cemitérios e transportadoras, entre outros, onde o material é coletado quinzenalmente. Esse trabalho preventivo é realizado mesmo que não hajam casos da doença.
Em 2009, de 2.071 amostras coletadas, 15 deram positivo para larvas do Aedes aegypti. Elas foram encontradas em duas armadilhas do bairro Pioneiro no mês de abril. Este ano, não foram confirmadas outras larvas do mosquito. Em 2009, das sete notificações de suspeita de dengue, três casos foram confirmados, mas todos eles contraíram a doença fora do Estado. Neste ano, a cidade teve seis notificações e todas foram confirmadas, mas as pessoas também foram picadas pelo mosquito em outros Estados. Desses, quatro pacientes viajaram para Mato Grosso, um para Rondônia e outro para Goiás.
Quando um foco de larvas é confirmado ou quando um caso da doença é notificado, agentes de saúde fazem um trabalho nas quadras próximas, visitando todas as casas para averiguar se há pontos com água limpa e parada que podem servir como criadouro para o mosquito. Os agentes também inspecionam terrenos quando há uma denúncia ao Alô, Caxias sobre água parada. Conforme a coordenadora da Vigilância em Saúde da SMS, Arlete Viezzer Bianchi, por enquanto, Caxias não deve mudar a estratégia de combate à doença porque não há focos de larvas.
– Vamos intensificar o trabalho nos casos notificados. Mesmo que o caso seja só suspeito, faremos o trabalho de delimitação de 300 metros nos arredores da moradia – explica Arlete.
Ela ressalta que a população deve colaborar na prevenção:
– É importante que a população olhe no seu entorno. A maioria das pessoas é picada no seu próprio domicílio e os criadouros do mosquito estão no pátio. O Aedes tem hábitos diurnos e costuma se esconder atrás dos móveis – destaca.
Quem sentir sintomas da doença, que lembram os de uma gripe mas não são acompanhados por problemas respiratórios, deve procurar um médico numa unidade básica de saúde (UBS). É importante que o paciente diga ao profissional de saúde se ele viajou nos últimos 15 dias.
Ao contrário do que muita gente pensa, o friozinho típico da Serra até pode matar o mosquito, mas não seus ovos:
– Os ovos podem viver até 400 dias. Se eles encontrarem um ambiente adequado, com umidade e calor, vão eclodir. Por isso, quando se limpa o pratinho do vaso, por exemplo, a pessoa deve não só tirar a água, mas também esfregar bem para retirar os possíveis ovos. Ou eles ficam aí e quando entrar água de novo, vão eclodir – explica a coordenadora da Vigilância em Saúde.
A SMS distribui material informativo na Festa da Uva sobre a doença. A ação também deverá acontecer nos próximos desfiles do corso alegórico e nas escolas.
– As pessoas devem se conscientizar que a prevenção não depende do poder público, mas da própria comunidade. A única maneira de prevenir é retirar todos os possíveis focos. Qualquer sacola plástica, tampinha de refrigerante, tudo o que ficar pela rua pode acumular água e servir para o mosquito colocar os ovos – ressalta Arlete.
Conforme ela, nos últimos 10 anos, Caxias não registrou casos autóctones de dengue, ou seja, todos os pacientes contraíram a doença em outras cidades. Para que a dengue não assuste os caxienses, a prevenção, com participação de todos, é o melhor caminho.
(Por Kelly Pelisser, O Pioneiro, 02/03/2010)