Para isso, a multinacional franco-suíça aumentará o plantio de transgênicos no Brasil
A multinacional franco-suíça Syngenta acredita que poderá ganhar espaço no mercado de sementes com o aumento do plantio de transgênicos no Brasil. A meta da empresa é atingir a liderança no mercado de sementes para soja e elevar a participação no milho para 15% no prazo de dois anos. "O Brasil é um mercado estratégico, de grande peso na América Latina, e com grande potencial de crescimento", afirmou Gilson Moleiro, diretor da Syngenta Sementes Brasil, em entrevista à Agência Estado. Hoje, a empresa, com sede na Basileia, Suíça, é líder global no segmento de produtos químicos para agricultura e a terceira maior em sementes.
Em apenas três anos, a Syngenta atingiu participação de 10% com as vendas de sementes transgênicas de soja no Brasil. "É um crescimento vertiginoso para um período curto como este, mas mostra que nossa estratégia no segmento seguiu a direção correta", afirma o executivo. Para entrar no mercado brasileiro, a empresa trouxe germoplasma dos Estados Unidos para produção de sementes de alta produtividade, atraindo rapidamente o interesse dos produtores. Agora, a expectativa da multinacional é chegar a 20% deste mercado em um prazo de cinco anos, o que a levaria à liderança neste segmento.
A Syngenta espera repetir com o milho o desempenho obtido no mercado de soja. A empresa conseguiu a aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para sua semente geneticamente modificada MIR 162, resistente à lagarta do cartucho, principal praga das lavouras brasileiras, em 2008. No ano seguinte, o produto entrou em circuito comercial, para plantio na safrinha. Moleiro conta que a demanda pela semente transgênica foi firme, por conta da expectativa da economia nos custos de produção ao reduzir o uso de defensivos.
"Alguns produtores aplicavam os inseticidas até cinco vezes no ciclo de 140 dias da lavoura. Com a semente transgênica, em alguns locais, o número de aplicações caiu para zero. Foi muito conveniente para o produtor", avalia o executivo. Ele considera que haveria uma redução drástica no uso de defensivos, que hoje movimenta cerca de US$ 200 milhões apenas para o segmento de milho no Brasil.
Na avaliação de Moleiro, outro motivo que deve puxar a demanda nacional pelos OGMs é a expectativa com os ganhos de produtividade. "Acreditamos que haverá uma migração natural para níveis mais alto de tecnologia nas lavouras de milho. Há uma disposição em investir mais para conseguir melhor retorno", prevê. Especialistas da área apontam a tendência de aumento dos investimentos para elevar o rendimento da safra. Moleiro observa que a produtividade média das plantações no Brasil é de 4 mil kg por hectare, enquanto na Argentina está em 7 mil kg/ha e, nos Estados Unidos, chega a 10 mil kg/ha.
Biotecnologia
Criada há apenas 10 anos, a partir da fusão das áreas de agronegócio da Novartis e da Zeneca, a empresa iniciou a pesquisa em biotecnologia com atraso. Enquanto sua maior concorrente, a Monsanto, apostou no segmento no começo da década de 1980, a Syngenta começou a reforçar investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) entre 2004 e 2005. "A empresa considerou que o aumento dos investimentos em sementes e biotecnologia mudaria a dinâmica do mercado", explica Moleiro.
A Syngenta investe hoje US$ 1 bilhão por ano em P&D. Como líder global em defensivos, a maior parte deste dinheiro era destinada aos produtos químicos para a agricultura. Atualmente, com a expansão do uso de transgênicos, 50% deste montante seguem para o segmento de tratamento de sementes e biotecnologia; e o restante, para agroquímicos.
(Por Fabíola Gomes, Agência Estado, 01/03/2010)