Microrganismos são os maiores produtores primários (que realizam fotossíntese) nos oceanos do planeta e suas atividades biológicas influenciam enormemente os processos químicos terrestres.
Dois estudos independentes, ambos publicados na edição desta sexta-feira (26/2) da revista Science, ajudam a entender como as plantas microscópicas contidas no plâncton marinho estão distribuídas pelo mundo e como elas contribuem para um processo fundamental, a fixação do nitrogênio nos oceanos.
Em um dos artigos, Andrew Barton e colegas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, investigaram como a abundância de microrganismos nos oceanos muda conforme a latitude.
Os pesquisadores montaram um modelo da circulação marinha global para estimar a dinâmica das populações de fitoplâncton. O grupo verificou que, assim como ocorre na maioria das maiores criaturas terrestres, os microrganismos marinhos têm mais espécies representadas nas regiões tropicais do que próximo aos polos.
O modelo desenvolvido no MIT ressalta os padrões dessa distribuição, indicando que a maior parte de espécies de fitoplâncton se encontra em zonas de latitudes médias. Por outro lado, menos espécies, mas mais indivíduos, residem em latitudes mais altas.
O novo modelo também indicou hotspots (áreas mais importantes) de diversidade associados com áreas nas quais há correntes mais fortes, o que poderá ser explorado por futuros levantamentos metagenômicos, feitos a partir da análise genômica da comunidade de microrganismos em determinada região.
No outro artigo publicado na Science, Pia Moisander, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, e colegas de outras instituições norte-americanas esclarecem como os microrganismos no Oceano Pacífico fixam coletivamente o nitrogênio – onde a fixação de nitrogênio é alta ocorre o sequestro de carbono.
Em adição ao conhecido fixador marinho, a cianobactéria Trichodesmium (que transforma nitrogênio em amônia), o grupo de Moisander identificou dois outros grupos importantes de cianobactérias que atuam no processo nos oceanos, a UCYN-A e a Crocosphaera watsonii.
Os pesquisadores descreveram esses organismos em termos de onde são encontrados em relação ao Trichodesmium em uma área de 8 mil quilômetros no Pacífico Sul.
Segundo eles, os novos dados poderão ser incluídos em novos modelos de estudo de modo a estimar com mais exatidão as taxas globais de fixação de nitrogênio oceânico e, por consequência, do sequestro de carbono.
Os artigos Patterns of diversity in marine phytoplankton (DOI: 10.1126/science.1184961) , de Andrew Barton e outros, e Unicellular cyanobacterial distributions broaden the oceanic N2 fixation domain (DOI: 10.1126/science.1185468), de Pia Moisander e outros, podem ser lidos por assinantes da Science em www.sciencemag.org.
(Agência FAPESP, 26/2/2010)